quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O espinhaço de ovelha com aipim!


Neste 20 de setembro, que tal uma típica receita farroupilha para comemorar a data?

Os gaúchos comemoram hoje os 184 anos da Revolução Farroupilha, que foi o mais longo conflito armado deflagrado dentro do território brasileiro pois durou de 1835 a 1845. Comandados por Bento Gonçalves as tropas farroupilhas tomaram Porto Alegre, capital da província do Rio Grande do Sul. Em 1836 foi proclamada a República Rio-Grandense que separou o Rio Grande do Sul do resto do país. Neste amplo contexto inserem-se as origens da culinária gaúcha composta por uma mescla de tradições e costumes das etnias indígena, portuguesa, espanhola, africana, alemã e italiana. O charque, primeiro produto da indústria regional e estopim da Revolução, é outro tempero desse banquete histórico já tratado neste espaço em várias ocasiões. O Rio Grande do Sul no frio de seu inverno congelante somente uma alimentação rica em calorias preparada nos galpões pela peonada da lida do gado, repletas de carnes gordas, carreteiros bem fortes e sopas quentes, davam ânimo para enfrentar um frio tão intenso. É neste ambiente que nascem o churrasco, o arroz carreteiro, o feijão mexido, o quibebe, o charque com mandioca, a paçoca de pinhão com carne assada, a couve refogada, o arroz com galinha, o puchero além de algumas caças como perdizes, patos, cutia e capincho. Nas estâncias a criação de ovelhas para produção de leite, lã e carne era abundante e é deste animal que preparava-se o espinhaço de ovelha com aipim juntando-se a este rol de delícias farroupilhas e cuja receita segue abaixo!   


Ingredientes:
(para 8 pessoas)

1 espinhaço de ovelha de 2 kg fatiado
1 kg de aipim
3 tomates
4 cebolas
3 dentes de alho
1 taça de vinho tinto
Óleo
Sal ou tempero pronto com pimenta

Preparo:

Coloque o aipim para ferver numa panela com água e sal. Tempere a carne de ovelha com sal ou tempero pronto com pimenta e começa a fritar. É importante selar bem. Depois que terminar de fritar a carne, reserve-a em um recipiente e prepare o molho na mesma panela. Ponha o alho e a cebola e deixe dourar bem. Quando a cebola estiver macia, acrescente a carne já selada, misturando. Adicione os tomates e a medida de uma taça de vinho tinto. Cozinhe até desmanchar os temperos. Se necessário adicione um pouco de água ao cozimento. Em seguida, junte o aipim à carne e ao molho e mexa com cuidado para não desmanchar o aipim. O toque final é o temperinho verde e a cebolinha. Acompanhe com quibebe e arroz branco.

Você sabia?



Antigamente, o atual território do Rio Grande do Sul era habitado por tribos de índios: os guaranis, que viviam da caça e da pesca e ocupavam as margens da lagoa dos Patos, o litoral norte e as bacias dos rios Jacuí e Ibicuí incluindo a região noroeste; os pampeanos, que ocupavam a região sul e sudoeste e os jês, talvez os mais antigos habitantes no lado oriental do rio Uruguai. Como tentativa de retirar os índios da mata para poder catequizá-los, os jesuítas introduziram no Estado o gado. Os índios passaram então a tomar conta do rebanho, que era criado solto, e comer sua carne tendo sempre farta comida a sua disposição e em troca aprendiam com os jesuítas a cultura europeia e construíam casas, surgiram assim as Missões. Com a entrada dos tropeiros de São Paulo e Minas Gerais no Sul, os índios foram caçados e levados como escravos e os jesuítas voltaram para a Europa. O gado, como era criado solto, continuou a se reproduzir e se espalhar pelo sul do continente, pois não havia um predador para caçá-lo.  Quando os tropeiros voltaram para o Rio Grande do Sul havia milhares desses animais, o gado selvagem. Começaram, então, a matá-los para extrair-lhes o couro cru, que era levado e vendido nos outros Estados. Para conservarem a carne que sobrava e a usarem como alimento em suas longas viagens, os tropeiros começaram a conservá-la rolando-a em sal grosso para desidratá-la, surgindo assim, o charque.  

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