Fundador da
Vinícola Almaúnica esteve em Santa Cruz a convite da Confraria do Sagu!
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Márcio Brandelli apresentou seus vinhos e contou um pouco de sua história |
Era uma tarde de sábado lá em
2010. Já tinha ouvido falar numa nova vinícola fincada no Vale dos Vinhedos em
Bento Gonçalves construída sob arquitetura inovadora e elegante e capitaneada
por um inquieto enólogo e sua irmã advindos de uma tradicional família
enológica. Pois na chegada a Vinícola Almaúnica fui recepcionado por este
empolgado enólogo, Márcio Brandelli,
o qual mostrou-me suas instalações e os vinhos que começava a vinificar. De lá
para cá a Almaúnica cresceu, aumentou o seu portfólio de produtos, ganhou
prêmios, tomou corpo e atingiu um novo estágio. E seu fundador, Márcio, esteve
em Santa Cruz do Sul como convidado no encontro da Confraria do Sagu –
confraria especializada na análise técnica de vinhos – e mostrou um pouco do
que vem fazendo em prol do desenvolvimento do vinho brasileiro. A inquietude, a
sagacidade e a empolgação continuam a mesma de quando o conheci e, autêntico como
sempre, apresentou-nos a sua linha de vinhos e também algumas novidades que
chegarão ao mercado em breve. O pai dos pequenos Bernardo e Manuela é dono de
uma conversa franca e bem-humorada e concedeu esta entrevista exclusiva a Gazeta do Sul e blog Eu, Gourmet cujo conteúdo você
acompanha daqui para frente.
Eu, Gourmet: Por que Almaúnica?
Márcio Brandelli: Porque cada vinho é elaborado
com alma e cada garrafa é única. Em 2008 eu e Magda, minha irmã e sócia,
montamos este projeto pois tínhamos um sonho de fazer o próprio vinho com
liberdade. Estamos fincados no Vale dos Vinhedos onde temos 60% das videiras
mas também 30% em Encruzilhada do Sul e 10% em Quaraí.
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Vinícola Almaúnica está cravada no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves |
Seus vinhos são reconhecidos pela qualidade e fino manejo. Como você
agrega estas características aos vinhos que elabora?
Sou muito detalhista em todos
os processos, desde o vinhedo ao engarrafamento. Gosto de resultados positivos
e penso sempre no consumidor cada vez mais exigente. É nisso que miro cada um
dos 14 rótulos Almaúnica que já elaborei. Para extrair o melhor destas parcela
de vinhas lidamos com manejo no vinhedo, buscando rendimentos baixos e
cultivando as variedades corretas e arriscando no ponto de colheita até seu
índice de alta maturação.
É possível produzir vinhos de alta qualidade no Brasil?
Sim. O produtor tem que focar
em resultados de alto nível, custe o que custar, haja o que houver, e ter muita
paciência. É assim no mundo todo. Com profissionalismo e buscando o melhor
vinho para cada região, com foco em qualidade e não só em retorno financeiro o
Brasil - e em especial o RS – pode melhorar ainda mais e muito seus vinhos.
Acredito neste contexto de região produtiva que a Campanha Gaúcha tem um
potencial enorme a ser explorado.
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Vinícola conta com uma ampla linha de vinhos |
Você é um enólogo que aposta em variedades não tão usuais no âmbito
gaúcho ao menos quando iniciou a produção, tais como Syrah, Malbec. Fale destas
castas produzidas pela Almaúnica e o porquê de cultivá-las.
Duas variedades espetaculares.
Amadurecem bem, com grande potencial de cor e taninos, porém macios e
aveludados. A variedade Syrah, fomos pioneiros no Vale dos Vinhedos,
tornando-se a casta emblemática da Almaúnica. Tudo isso motivados pela
tendência do consumidor, sempre em busca de novidades. E o Reserva Syrah e o
Quatro Castas – que leva Syrah – são os meus vinhos mais premiados.
Você é adepto a passagem de seus vinhos por barrica, fale à respeito.
No meu modo de ver o vinho,
acredito muito em duas matérias primas, uva e barrica. A barrica é o pulmão do
vinho, aí ocorre toda a micro oxigenação em que aporta taninos e complexidade
de aromas para o vinho tanto o branco como os tintos.
Numa safra ruim, de que forma o enólogo consegue extrair o máximo de
qualidade e elaborar bons vinhos?
Tomar a decisão de reduzir ou
até não elaborar se for o caso. Somente assim poderá garantir uma constância em
produtos de qualidade.
O que você acha sobre os vinhos orgânicos e biodinâmicos? É uma
tendência?
Todo o mundo do vinho busca
usar a mínima intervenção no vinhedo e na vinícola. Creio que orgânicos e
biodinâmicos com alta qualidade terão o seu espaço.
A tecnologia faz diferença na produção de vinhos?
Faz e muito. Desde o vinhedo
até o engarrafamento. São os pequenos detalhes que refletem no produto final.
No Uruguai temos o Tannat, na Argentina o Malbec, no Chile o Cabernet
Sauvignon. Qual a casta tinta que você considera que poderá ser o cartão de
visitas do Brasil?
O Brasil é um continente, mas falando
em Serra Gaúcha aonde é pioneira e está a maior concentração de vinícolas e vinhedos,
a casta tinta é a Merlot.
Qual a sua opinião sobre a posição de alguns produtores brasileiros
importarem vinhos de outra nacionalidade e distribuir por aqui? Não é um contra
senso?
Cada empresário tem seus
objetivos, e buscam ter um portfólio completo de distribuição. Hoje no Brasil
90% do vinho fino é importado, futuramente podemos diminuir esta tendência, com
mais qualidade e quantidade e preços competitivos do Vinho Brasileiro.
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O enólogo que nasceu para ser vinho! |
Por que Argentina e Chile produzem vinhos médios de tão boa qualidade e
preço e o que as vinícolas brasileiras podem fazer para alcançarem este
patamar?
Tanto Argentina e Chile,
possuem relevo, solo e clima com custos menores e tem grande escala de
produção, e muito incentivo do governo de subsidiar toda a cadeia. O produtor
Brasileiro deve focar muito em pequenas escalas mas com muita qualidade, só
assim poderemos no futuro mudar o conceito do Vinho Brasileiro.
Prato preferido? Capeletoni de Pato com sálvia na manteiga.
Restaurante preferido? Tratoria Primo Camilo
Uma vinícola - fora a que você trabalha - que admira, seja no Brasil ou
no mundo?
Viña Montes – Chile
Qual sua uva preferida? Syrah.
Qual o melhor vinho que você já degustou? Um Super Toscano
Ornellaia Safra 2007.
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Márcio recebeu placa do confrade Homero Agra em homenagem a seu trabalho no desenvolvimento do vinho brasileiro |
Personalidade admirada na área do vinho?
Adriano Miolo
Deixe uma dica para quem está começando a se interessar em beber vinhos:
Não ter medo de perguntar e
tomar muito vinho. Ter humildade e ouvir muito e claro estudar. Só assim poderá
usufruir o máximo a bebida dos Deuses.
Como você enxerga a viticultura brasileira daqui a 10 anos e como a
Almaúnica estará neste contexto?
A viticultura irá se difundir
por várias regiões do Brasil, teremos muitas surpresas boas e assim vamos
criando cultura cada vez maior para o brasileiro. E para a Almaúnica um desafio
diário na busca da excelência sempre com um foco de qualidade, cuidando os
pequenos detalhes, para sermos uma das referências do Vinho Brasileiro.
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Confraria do Sagu e o convidado |