quinta-feira, 14 de março de 2019

O Ciborgue e as batatas assadas!


Uma mão biônica poderia tudo! Será mesmo?

Meu pai tinha um amigo – disse “tinha” porque faz muitos anos que ele não o vê e não sabe mais notícias dele – o Ciborgue, colega dos tempos de empresa. E eu não entendia o motivo deste amigo ter tal alcunha. Ciborgue para mim era o Lee Majors, o  Homem de Seis Milhões de Dólares, famosa série dos anos 70. O amigo do pai tinha este apelido porque perdera a mão direita num acidente de trabalho e dizia-se que ela fora reconstruída mecanicamente. Isso me causava calafrios. Certa feita meu pai fez um churrasco e convidou algumas pessoas e entre eles o Ciborgue. Não dormi naquela noite anterior pensando nos horrores que ele poderia fazer com aquela mão biônica: imaginei o sujeito abrindo uma lata de sardinha;  jogando futebol de botão;  lavando a louça para a sua mãe; colhendo bergamotas no quintal pois quando se tem sete anos, estas são alguns fazeres habituais que elevavam a imaginação com a mão biônica. No dia do churrasco eu me tranquei no banheiro e não queria sair de jeito nenhum. Fingi que estava no banho, ruim da barriga, escovando os dentes... Mas não teve jeito não, servido o almoço tive que sair sob pena de ter as pernas sapecadas pela varinha de chorão na frente das visitas. Fechei os olhos com medo pois temi em ver o Ciborgue amassando latinha de refrigerante com a mão. Permaneci com os olhos fechados sentado à mesa com a desculpa que um bichinho tinha caído dentro. Servido o coraçãozinho de galinha abri os olhos na hora – não tem moleque que resista a um coração de galinha sendo servido! Foi então que percebi o Ciborgue sentado no outro lado da mesa. Ele me olhava sério com aquele bigodão servindo de base ao nariz. Fitei-o assustado. Logo minha mãe passou as batatas assadas ao sujeito, servindo-o. Imaginei o Ciborgue comendo as batatas... Ele delicadamente pegou aquelas preciosidades assadas e cobertas com oliva e alecrim e levou-as à boca com a mão esquerda, mastigando com vontade e abrindo um sorriso largo para o garoto assustado que o olhava. Era canhoto o Ciborgue!    

A seguir a receita da Batata Assada com Alecrim.


Ingredientes:
(para 4 pessoas)

3 batatas
3 ramos de alecrim
3 colheres (sopa) de azeite
5 dentes de alho com casca
Pitadas de páprica
Sal grosso e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Preparo:

Corte as batatas com casca em gomos, no sentido longitudinal. Coloque as batatas em uma panela, cubra com água e tempere com uma colher de chá de sal grosso. Leve ao cozimento e quando a água começar a ferver deixe por 10 minutos. Retire do fogo e escorra bem as batatas. Coloque as batatas e o alho em uma assadeira e leve ao forno pré-aquecido a 200 °C temperando com azeite de oliva, páprica, sal, pimenta e alecrim. Asse por cerca de 30 minutos. Vire as batatas na metade do assar. Sirva de acompanhamento a carnes ou peixes.

     

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