Uma mão biônica poderia
tudo! Será mesmo?
Meu pai tinha um amigo – disse “tinha”
porque faz muitos anos que ele não o vê e não sabe mais notícias dele – o
Ciborgue, colega dos tempos de empresa. E eu não entendia o motivo deste amigo
ter tal alcunha. Ciborgue para mim era o Lee Majors, o Homem de Seis Milhões de Dólares, famosa
série dos anos 70. O amigo do pai tinha este apelido porque perdera a mão
direita num acidente de trabalho e dizia-se que ela fora reconstruída
mecanicamente. Isso me causava calafrios. Certa feita meu pai fez um churrasco
e convidou algumas pessoas e entre eles o Ciborgue. Não dormi naquela noite anterior
pensando nos horrores que ele poderia fazer com aquela mão biônica: imaginei o
sujeito abrindo uma lata de sardinha; jogando
futebol de botão; lavando a louça para a
sua mãe; colhendo bergamotas no quintal pois quando se tem sete anos, estas são
alguns fazeres habituais que elevavam a imaginação com a mão biônica. No dia do
churrasco eu me tranquei no banheiro e não queria sair de jeito nenhum. Fingi
que estava no banho, ruim da barriga, escovando os dentes... Mas não teve jeito
não, servido o almoço tive que sair sob pena de ter as pernas sapecadas pela
varinha de chorão na frente das visitas. Fechei os olhos com medo pois temi em
ver o Ciborgue amassando latinha de refrigerante com a mão. Permaneci com os
olhos fechados sentado à mesa com a desculpa que um bichinho tinha caído
dentro. Servido o coraçãozinho de galinha abri os olhos na hora – não tem
moleque que resista a um coração de galinha sendo servido! Foi então que
percebi o Ciborgue sentado no outro lado da mesa. Ele me olhava sério com
aquele bigodão servindo de base ao nariz. Fitei-o assustado. Logo minha mãe
passou as batatas assadas ao sujeito, servindo-o. Imaginei o Ciborgue comendo as
batatas... Ele delicadamente pegou aquelas preciosidades assadas e cobertas com
oliva e alecrim e levou-as à boca com a mão esquerda, mastigando com vontade e
abrindo um sorriso largo para o garoto assustado que o olhava. Era canhoto o
Ciborgue!
A seguir a receita da Batata Assada com Alecrim.
Ingredientes:
(para 4 pessoas)
3 batatas
3 ramos de alecrim
3 colheres (sopa) de azeite
5 dentes de alho com casca
Pitadas de páprica
Sal grosso e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
Preparo:
Corte as batatas com casca em
gomos, no sentido longitudinal. Coloque as batatas em uma panela, cubra com
água e tempere com uma colher de chá de sal grosso. Leve ao cozimento e quando
a água começar a ferver deixe por 10 minutos. Retire do fogo e escorra bem as
batatas. Coloque as batatas e o alho em uma assadeira e leve ao forno
pré-aquecido a 200 °C temperando com azeite de oliva, páprica, sal, pimenta e
alecrim. Asse por cerca de 30 minutos. Vire as batatas na metade do assar. Sirva
de acompanhamento a carnes ou peixes.
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