Estamos em Copa do Mundo de
Futebol: Rússia 2018. E este país que já ilustrou os livros de geografia quando
ainda integrava a antiga União Soviética comunista já foi o maior importador de
vinhos brasileiros e também possui uma produção milenar de vinhos - produz
vinho desde a Antiguidade, no século 7 a.C., colonos gregos estabeleceram
aldeias nessa região e produziram alguns dos primeiros vinhos do mundo. Mas há
registros de uma bebida muito semelhante a vinho datada de 6000 a.C.! Falando da
União Soviética, da qual a Rússia fazia parte, era, no final da década de 1950,
o sétimo produtor de vinho, segundo a OIV.
Amplamente dominado pela vodca –
muito popular por lá como a cachaça no Brasil - o vinho não é a bebida
alcoólica preferida dos russos, onde apenas 8,5% do volume total de vendas de álcool
no país correspondem ao produto.
A maior parte das vinícolas e vinhedos
da Rússia encontram-se em Krasnodor Krai, nas proximidades e na costa do Mar
Negro e cuja produção - talvez 80% - dá origem a vinhos adocicados, uma preferência
do consumidor russo que verte para vinhos com pouca acidez.
Um dos críticos e
autor russo de livros sobre vinhos, sommelier Artur Sarkissián, comenta que os
melhores rótulos por lá elaborados – quase todos de uvas autóctones e oriundos
de indicação geográfica - são representados por 14 vinícolas do Vale do rio Don
e das cinco regiões irrigadas pelo rio Kuban. Entre estes rótulos destaca o Saperavi, da vinícola
Fanagória; o Riesling da vinícola Abrau-Dursso; o Gran Reserva da vinícola Tsimliánsk;
o Renaissance da vinícola Raevskoe; o Fagotin da Chateau Le Grand Vostock e o Liturguia
Reserve da Lefkadia.
Na verdade desde a década de 90 vários produtores perderam
suas licenças por fabricarem vinhos ruins privilegiando a quantidade em
detrimento da qualidade sendo que de lá para cá a Rússia tem evoluído na
qualidade de seus vinhedos com replantio, investimento em tecnologia e manejo,
contratação de profissionais europeus e foco na qualidade se espelhando nos
franceses e italianos. Ainda não há na Rússia normação sobre “local de origem
protegido”, somente indicação geográfica de procedência e provém deste país a utilização
de vasos de barro, as ânforas, no amadurecimento e acondicionamento dos vinhos.
De acordo com a União de
Vinicultores e Vinhateiros da Rússia, de cada dez garrafas de vinho à venda
pelas redes varejistas russas, sete são nacionais e três são importadas. Além
disso, 30% do volume total de vinho vendido são feitos de uva plantada na
Rússia. São muito pequenas as exportações de vinhos russos, por isso a dificuldade
em encontrá-los por aqui. A vinícola Abrau-Dursso, por exemplo, exporta cerca
de 150 mil garrafas de espumante anualmente, o que corresponde a menos de 1% de
todas as suas vendas nacionais. Ano passado foram vendidos mais de 500 milhões
de garrafas de vinhos na Rússia, dos quais quase 70% produzidas no próprio país.
Ao observar a lista dos maiores fabricantes de vinho russos, percebe-se que
sete das 10 empresas líderes distribuem os vinhos mais baratos em embalagens
Tetra Pak de um litro a preço não superior a US$ 3.
A Rússia também é um desafio aos enólogos e produtores,
afinal boa parte dos vinhedos estão acometidos por condições hostis de
desenvolvimento com invernos muito rigorosos, solos problemáticos e grandes
problemas de sanidade nas bagas.
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