Pela primeira vez em
muitos anos há uma unanimidade entre os produtores de vinho gaúchos: a Safra
2018 será uma das melhores dos últimos 20 anos! Quem ganha com isso são os
consumidores e o vinho brasileiro
Há muito não se tinha uma
expectativa tão grande acerca de uma safra de vinhos como neste ano! Depois das
destacadas 1999, 2001, 2005 e 2006 que deram frutos a grandes vinhos, as demais
não passaram de safras médias culminando com a de 2016 onde fatores climáticos
oriundos do fenômeno “El Niño” tiveram efeitos muito fortes sobre o estado e
região Sul - geadas na metade de setembro e depois incidências de granizo em
novembro e dezembro além de excesso de chuvas em dezembro o que resultou numa
quebra de quase 60% na quantidade e cuja qualidade também não foi a ideal.
Já neste ano os produtores de
uva da Serra Gaúcha foram surpreendidos pelo precoce amadurecimento de algumas
variedades tendo sido colhidas cerca de vinte dias antes do período
tradicional. Prejudicial em 2015/2016 agora em 2017/2018 o clima resolveu
brindar os produtores, pois fez menos frio durante o inverno e as altas
temperaturas no mês de setembro e a menor quantidade de chuva no período até
dezembro – mês que influencia no desenvolvimento dos compostos fenólicos que
revelam-se de grande importância na enologia pois estão relacionados direta ou
indiretamente com a qualidade do vinho e são eles os responsáveis pela cor,
corpo e adstringência da bebida e são os grandes responsáveis pelas diferenças
entre uvas ou vinhos tintos e brancos, pela presença ou ausência de
antocianinas - também contribuíram para que o ciclo da maioria das variedades
fosse acelerado. E a amplitude térmica (diferença entre a temperatura mais
baixa e mais alta no ciclo noite e dia) destacada e maior que nos outros anos
contribui significativamente para um pleno amadurecimento das bagas.
Deverá ser colhido somente na
Serra Gaúcha cerca de 720 milhões de quilos de uva, o que representa cerca de 90%
da produção do estado.
Enólogos e produtores das
diversas regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul comentaram a sua percepção
e expectativa para esta safra.
A Guatambu Estância do Vinho
de Dom Pedrito, iniciou a vindima em 5 de janeiro, 10 dias antes do que a média
histórica, colhendo as uvas Pinot Noir e Gewürztraminer. Segundo a enóloga da
vinícola, Gabriela Hermann Potter, a maturação das uvas ocorreu antecipadamente
devido às alterações do clima, como o inverno 2017, que teve temperaturas
médias do ar mais altas do que a média, bem como os meses de novembro, janeiro
e fevereiro muito secos e quentes. As uvas desta safra estão apresentando
cachos menores e com bagas de menor tamanho, o que gera alta concentração de
polifenóis e açúcares e, consequentemente, vinhos bastante concentrados, com
alto potencial alcóolico e com aromas intensos. “Será uma das safras de grandes
vinhos tintos, com cor muito intensa e escura, aromas de frutas muito maduras,
alto potencial alcóolico e grande potencial de guarda” atesta.
Edegar Scortegagna,
ex-presidente da ABE – Associação Brasileira de Enologia - e enólogo da
Vinícola Luiz Argenta em Flores da Cunha, comentou que a sua safra começou com
20 dias de antecedência tendo conseguido colher todas as brancas e bases
espumantes antes da semana de chuvas ocorridas em janeiro. “As noites mais
frescas fizeram com que os tintos maturassem mais lentamente acumulando cor e
taninos e a expectativa dos tintos a serem colhidos é muito, muito boa, até
porque a previsão do clima é de ser ainda bastante seco” afirmou.
As variadas regiões produtivas
do estado tiveram – e estão tendo - ótima desenvoltura na maturação e colheita.
O enólogo Alejandro Cardozo que presta consultoria para mais de duas dezenas de
vinícolas na Campanha e Serra Gaúcha e nos Campos de Cima da Serra confirmou
que em todas elas as uvas variedades colhidas até agora estão com uma ótima
sanidade e qualidade. Segundo o confiante enólogo, tal potencial de uvas
estimula o lançamento de novos rótulos e linhas: “na Estrelas do Brasil teremos
no mínimo duas novidades – um Sauvignon Blanc e um Pinot Noir e nas demais
vinícolas outras boas coisas que por ora deixaremos em suspense”.
Giovanni Carraro |
E na região da Serra do
Sudeste, leia-se Encruzilhada do Sul, o que se viu até agora corrobora com a
amostragem acima! Giovanni e Juliano Carraro, enólogos e diretores da Vinícola
Lídio Carraro que possui vinhedos naquele município dizem que a safra 2018 vem
revelando-se a melhor safra das últimas décadas, seja para os brancos e para os
tintos. “Até o momento colhemos a totalidade das uvas Chardonnay, Pinot Noir,
Sauvignon Blanc, Tempranillo e Touriga Nacional, todas com características
ideais para a elaboração de vinhos de primeira linha. Além disso, já colhemos
parte da produção das uvas Merlot, Malbec e Cabernet Sauvignon. As variedades,
sem exceção, estão chegando na vinícola com maturação plena e sanidade
perfeita, o que nos permite elaborar vinhos de altíssima qualidade” afirma
Giovanni.
Até mesmo para Miguel Ângelo
Vicente Almeida, enólogo da Miolo Wine Group, que habitualmente não alimenta
expectativas para colheitas em regiões frias e ou úmidas a vindima 2018 está sendo
altamente surpreendente. “Já colhemos 800 toneladas de uvas brancas e tintas.
Faltam mais 700 toneladas de uvas tintas mais tardias. Até agora elevadíssima
sanidade das plantas e dos seus frutos, fantástica maturação corante (noites
frias, dias quentes), fenólica (por exemplo, todas as sementes crocantes) e de
açúcares” cita. “Mas mesmo assim o enólogo terá um trabalho mais tranquilo na
elaboração dos vinhos desta safra. Nós
na Quinta do Seival temos 16 castas diferentes com produção significativa, são
16 ritmos biológicos diferentes e depois as centenas de tanques em
fermentação... A responsabilidade é enorme e o respeito pelo vinho maior ainda.
Anos quentes podem mostrar-te outros tipos de desequilíbrios, teor alcoólico
elevado, baixa acidez, desidratação, aroma de fruta queimada... Mas anos
quentes são sempre anos mais fáceis, onde o nível de risco corrido pode ser
aumentado. Para conseguir grandes vinhos tens de correr muito risco” finaliza.
Miguel Ângelo Vicente Almeida |
Nesta mesma linha de
pensamento, Vinicius Cercato, enólogo da Dunamis de Dom Pedrito, entende que “com
grandes uvas, vem grandes responsabilidades”. Diz que nas safras impares, os
momentos de elaboração dos grandes vinhos a atenção e cuidado vão muito além da
vinícola, pois vão ao vinhedo para acertar o ponto ideal de colheita, bem como
as parcelas, cachos, filas e tal. “Pode se fazer a escolha de como colher para
se ter a fruta em seu estado perfeito. Isso gera mais pressão nos enólogos
porque de forma geral quem decide o momento da colheita geralmente é o clima.
Nesse ano como nos últimos três 3 para a Dunamis, os enólogos é que podem
escolher o momento ideal”.
Carlos Abarzua |
Um dos mais experientes enólogos
do Brasil, intitulado o Enólogo do Ano 2018, o chileno Carlos Abarzua,
responsável pelos espumantes de exceção da Vinícola Geisse de Pinto Bandeira, é
taxativo: este ano - se continuar assim – teremos uma das melhores safras na
Serra Gaúcha dos últimos 35 anos! “Sobre a qualidade das uvas colhidas – no
nosso caso Chardonnay e Pinot Noir – em poucos anos se observou uma sanidade e
uma qualidade tão boa que eu me lembre!”. Pinto Bandeira e a Geisse tiveram um
inverno muito fraco no qual as uvas precoces mal atingiram as horas de frio e
antecipação na colheita em pelo menos 15 dias o que deu origem a vinhos bases para
espumantes muito equilibrados e com álcool moderado, sem necessidade de
correção alguma que demonstram um enorme potencial.
Depois de tantos depoimentos
otimistas e alicerçados em fundamentos técnicos muito semelhantes podemos dizer
que esta safra será icônica, colocando no rosto dos produtores e enólogos
sorrisos largos e na taça dos consumidores, vinhos a altura do trabalho e
merecimento destes amantes e simpatizantes da bebida de Baco. Um brinde a safra
2018 e viva o vinho brasileiro!
- Qual a expectativa sobre a safra 2018 para os brancos e tintos? Como
estão as castas colhidas até agora?
Alejandro Cardozo |
ALEJANDRO CARDOZO: Iniciamos a
safra com uma expetativa grande em função das condições climáticas, no decorrer
da mesma tais condições foram mudando em cada região e dentro destas no momento
de colheita de cada variedade. Na região da Campanha o clima está seco e
continua assim, temos uma colheita fantástica na Guatambu onde todas as castas
que usamos para espumantes e para vinhos brancos tiveram um adiantamento
importante em dias na comparação com o ano passado com uma alta qualidade e ao
mesmo tempo já se iniciou a colheitas das tintas como Pinot Noir, Merlot, Tempranillo e estamos a colher Tannat com um amadurecimento
sensacional até agora com o clima colaborando com nota 1000, uma safra muito especial na região. Na Serra também foi excelente para as
variedades brancas que chegaram, como a Chardonnay, a Prosecco e a Pinot Noir.
Tivemos uma semana de chuva que atrapalhou um pouco as variedades que foram
colhidas nesse período mas depois retornou o seco e voltamos a receber uvas de
boa sanidade e qualidade aqui colhendo mais Chardonnay, Prosecco, Sauvignon
Blanc, Pinot Noir, Viognier e inicio da chegada de Trebbiano, Rieslign e Moscatel.
Aguardamos a entrada das uvas de Campos de Cima da Serra que iniciou com Chardonnay
e Pinot Noir para bases com uma qualidade excepcional e a chegada destas castas
para para vinhos deve acontecer esta semana. Das tintas tanto na Serra e em Campos
de Cima ainda falta recebermos Merlot que se mostra com um estado se sanidade e
de amadurecimento sensacional. Estamos por ora com brancos mais aromáticos com
belo equilibro de acidez e frescor e
tintos muitos equilibrados de muita concentração e cor.
GABRIELA POTTER: A Guatambu
Estância do Vinho iniciou a vindima 2018 no dia 5 de janeiro, 10 dias mais
antes do que a média histórica, com as uvas Pinot Noir e Gewürztraminer para
elaborar o base do espumante Guatambu Rosé. A maturação das uvas ocorreu
antecipadamente devido às alterações do clima, como o inverno 2017, que teve
temperaturas médias do ar mais altas do que a média, bem como os meses de
novembro, janeiro e fevereiro muito secos e quentes. Todas as uvas nesta safra
estão apresentando cachos menores e com bagas de menor tamanho, o que gera alta
concentração de polifenóis e açúcar e, consequentemente, vinhos bastante
concentrados, com alto potencial alcóolico e com aromas intensos.
GIOVANNI E JULIANO CARRARO: A
safra 2018 vem revelando-se a melhor safra das últimas décadas, seja para os
brancos e para os tintos. A falta de
frio no inverno e o frio “fora de época” da primavera prejudicaram o início do
ciclo, gerando diminuição da produtividade, principalmente para variedades
precoces, como a Chardonnay. No entanto, a qualidade de comportamento climático
durante todo restante do ciclo fez com que os resultados em qualidade
superassem todas as expectativas. Até o momento colhemos a totalidade das uvas
Chardonnay, Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Tempranillo, e Touriga Nacional, todas
com características ideais para a elaboração de vinhos de primeira linha. Além
disso, já colhemos parte da produção das uvas Merlot, Malbec e Cabernet
Sauvignon. Todas as variedades, sem exceção, estão chagando na vinícola com
maturação plena e sanidade perfeita, o que nos permite elaborar vinhos de
altíssima qualidade.
VINICIUS CERCATO: As
expectativas são as melhores. Colhemos até agora apenas o Pinot Grigio, com
maturação perfeita. Hoje estamos colhendo o Chardonnay e amanhã o Sauvignon
Blanc, com mais de 20 dias de maturação além do histórico.
EDEGAR SCORTEGAGNA: Estamos
exatamente na metade da colheita aqui na Luiz Argenta. Até agora não poderia
ser melhor. A safra começou com 20 dias de antecedência, e foi muito bom porque
conseguimos colher todas as brancas e bases espumantes antes da semana de
chuvas que ocorreu em janeiro. E depois tivemos 21 dias sem chuvas entre o final
de janeiro e o início de fevereiro, uma coisa nunca vista nos últimos anos! As
noites mais frescas fizeram com que os tintos maturassem mais lentamente
acumulando cor e taninos, e por isso neste momento as variedades tintas não
estão mais adiantadas, entraram no seu ciclo normal devido aos dias mais
amenos. A expectativa dos tintos a serem colhidos é muito, muito boa, até
porque a previsão do clima é de continuar bastante seco.
MIGUEL ÂNGELO: Em regiões
frias e/ou úmidas habituei-me a não alimentar expectativas. Portanto, esta
vindima 2018 está sendo altamente surpreendente! Elevadíssima sanidade das
plantas e dos seus frutos, fantástica maturação corante (noites frias, dias
quentes), fenólica (por exemplo, todas as sementes crocantes) e de açúcares. Já
colhemos 800 toneladas de uvas brancas e tintas. Faltam mais 700 toneladas de
uvas tintas mais tardias.
CARLOS ABARZUA: Ainda é
bastante cedo para falar em safra pois ela está na metade e muitas uvas não
foram colidas ainda. Mas podemos falar um pouco das uva precoces que já foram colhidas. Tivemos um inverno
muito fraco no qual as uvas precoces mal e mal atingiram as horas de frio.
Portanto a vindima se adiantou em pelo menos 15 dias, as uvas Chardonnay e
Pinot Noir são geralmente colhidas depois da segunda quinzena de janeiro e este
ano a vindima em algumas regiões começou antes da virada do ano, aqui em Pinto
Bandeira começou dia 2 de Janeiro.
- Os seus vinhedos foram beneficiados pelo clima dos últimos meses?
Como na prática tais condições podem afetar a qualidade da uva?
ALEJANDRO: Tivemos um verão
mais frio com as máximas mais baixas e as noites também mais frescas o que traz condições especiais de
cor nas tintas e aromática especial nas brancas ao mesmo tempo uma acidez mais
equilibrada.
GABRIELA: A falta d`água
durante o amadurecimento da uva sempre resulta em maior concentração de sólidos
totais nas bagas, maior intensidade de cor e taninos mais maduros, e isso é
ótimo para a qualidade dos vinhos. Por outro lado, a estiagem reduziu a
quantidade de uvas produzida, muito devido ao tamanho e peso dos cachos, que
este ano estão menores e, consequentemente, pesando em torno de 30% a menos que
a média dos demais anos.
CARRARO: Sim, o comportamento
climático dos últimos meses foi ideal para produção de uvas perfeitas em
maturação e sanidade. Houve um conjunto de fatores climáticos, como baixa
pluviosidade, dias e noites com grande amplitude térmica e ótima distribuição
das poucas chuvas que ocorreram no período, formando um contexto ideal para o
desenvolvimento e qualidade das uvas. Na prática, os pequenos volumes de chuva
bem distribuídos, intercalados com dias quentes e noites frias favoreceram uma
maturação uniforme, lenta, permitindo a concentração de compostos da uva
(açúcares, polifenóis e minerais). Consequentemente, temos uvas que nos
permitem elaborar vinhos mais intensos em coloração, aroma e estrutura. Serão
vinhos encorpados e intensos.
VINICIUS: Sim foram.
Principalmente na questão de sanidade, pois isso é diretamente relacionado a
maturação fenólica. Quanto mais tempo na planta, melhor amadurecem os taninos,
aromas e cor. No caso das brancas, aromas que lembram mais frutos tropicais que
cítricos e florais.
Vinicius Cercato |
EDEGAR: O clima é o coração da
safra, como falei anteriormente os calores da primavera antecipada fizeram a
uva branca maturar antes que no meu ponto de vista foi excelente, pois
escapamos da semana chuvas em janeiro. E o verão ameno manteve a maturação
normal das tintas ajudando no aumento de cor, taninos e aromas. Os 21 dias de
sol no final de janeiro e inicio de fevereiro foi o melhor presente da safra.
MIGUEL: Já respondido.
CARLOS: Sobre a qualidade das
uvas, em poucos anos se observou uma boa sanidade e uma boa qualidade que eu me
lembre nestes últimos 35 anos de vindima na Serra Gaúcha. Para nossos vinhedos
tivemos uma redução bastante significativa no volume com um déficit em alguns
casos de 20%. Vinhos bases de espumantes elaborados estão muito equilibrados e
o álcool moderado, ser ter necessidade de correção alguma. Pode-se prever um
bom potencial destes vinhos bases, ainda não estão totalmente prontos mas o
potencial é muito grande.
- O enólogo terá um trabalho mais tranquilo na elaboração dos vinhos
desta safra?
ALEJANDRO: O trabalho sempre é
intenso já que há várias atividades acontecendo ao mesmo tempo e deve-se estar
com muito foco e atenção a cada passo da elaboração. Claro que se está com uvas
de alta qualidade e sadias e o restante é não cometer erros.
GABRIELA: Acredito que 80% ou
mais da qualidade dos vinhos venha da matéria prima. Logo, como este ano a
qualidade está excelente, o que nós enólogos nos dedicamos é em preservar esta
qualidade e extrair o máximo de polifenóis de suas cascas e sementes, no caso
do vinhos tintos. O difícil para nós é conseguir manter a produção de todos os
rótulos da Guatambu (temos 22 rótulos) com menor quantidade de uvas.
CARRARO: Sem dúvida o enólogo
terá em suas mãos uma matéria-prima ideal para elaboração de vinhos de alto
nível e, neste ponto, terá muita tranquilidade. Porém, isso não quer dizer que
o trabalho e desafio sejam menores, pois é neste momento que o conhecimento e a
sensibilidade para tomadas de decisão farão muita diferença entre elaborar um
bom vinho ou um excelente vinho.
VINICIUS: Não! Pois com
grandes uvas, vem grandes responsabilidades. Nestas safras impares, são os
momentos de elaboração dos grandes vinhos onde a atenção e cuidado vão muito
além da vinícola, indo até o vinhedo para acertar o ponto ideal de colheita,
bem como as parcelas, cachos, filas e tal. Pode se fazer a escolha de como
colher para se ter a fruta em seu estado perfeito. Isso gera mais pressão nos
enólogos porque de forma geral quem decide o momento da colheita geralmente é o
clima. Nesse ano - como nos últimos 3 - para a Dunamis, os enólogos é que podem
escolher o momento ideal.
EDEGAR: Falo por mim, aqui
estamos mais tranquilos, pois quando se tem uma de qualidade e o tempo
colaborando é sempre mais fácil organizar a colheita e a elaboração dos vinhos.
MIGUEL: Nunca o trabalho do
enólogo em vindima é tranquilo. Nós na Quinta do Seival temos 16 castas
diferentes com produção significativa, são 16 ritmos biológicos diferentes e
depois as centenas de tanques em fermentação... A responsabilidade é enorme e o
respeito pelo vinho maior ainda. Anos quentes podem mostrar-te outros tipos de
desequilíbrios, teor alcoólico elevado, baixa acidez, desidratação, aroma de
fruta queimada... Mas anos quentes são sempre anos mais fáceis, onde o nível de
risco corrido pode ser aumentado. Para conseguir grandes vinhos tens de correr
muito risco.
CARLOS: Para elaborar estes
vinhos foi um ano muito fácil principalmente pela sanidade da matéria prima.
- Há expectativa de elaboração de algum vinho de exceção? Alguma novidade de sua vinícola no tocante
a novos vinhos – novo rótulo/nova casta/novo blend/nova linha - nesta safra?
ALEJANDRO: Estamos até agora
com um resultado ótimo esperado em função da alta qualidade da fruta com uma
media muito acima do ano passado, agora
dentro de cada região tivemos vinhos que
se destacarão muito como o consumidor verá na medida que os mesmos forem chegando
ao mercado. Sim, na Estrelas do Brasil teremos 2 novidades no mínimo, que será um
Sauvignon Blanc e um Pinot Noir, nas
outras vinícolas por ora deixaremos em suspense!
GABRIELA: Estamos elaborando o
novo espumante tinto Noite do Pampa, elaborado exclusivamente com uvas Merlot.
Lançamos em ano passado este produto, que era da safra 2015, e terminou o
estoque rapidamente neste verão. É um produto diferenciado, único no Brasil.
Também estamos elaborando um novo espumante, com nome Isadora, em homenagem a
minha irmã. Será um rótulo diferenciado, muito especial. Ainda não podemos
divulgar detalhes de elaboração.
CARRARO: Sim, diversos vinhos
aqui na Lidio Carraro são elaborados somente nas grandes safras, dessa forma, a
vindima 2018 será uma daquelas que ficarão na história. Essa safra sem dúvida
apresentará vinhos raros em nossa coleção de rótulos. Temos alguns planos para
elaboração de mais de um vinho de exceção, alguns deles serão vinhos que
estarão disponíveis para compra somente diretamente na vinícola. Teremos
novidades tanto em relação a novos rótulos, quanto a novas variedades, como é o
caso da Sauvignon Blanc, que está estreando ao mercado agora, com compra
restrita e exclusiva para pessoa física, direto na vinícola. No decorrer do ano
anunciaremos outras novidades, porém, ainda não podemos revelar, pois trata-se
de um projeto bastante ousado e pioneiro no Brasil.
VINICIUS: Sim. Estamos em
testes, por enquanto não temos nada oficial.
EDEGAR: Vamos somente mantes
os vinhos da nossa linha que já tem vários rótulos. O temos são outros projetos
do ano passado que iremos lançar. Alguma coisa nova sempre nasce, mas nada que
podemos comentar no momento.
MIGUEL: Sesmarias 2018, 10
anos depois do 2008, apenas com o 2011 pelo meio. Em 10 vindimas tentadas, 3
executadas. Mas tudo do Seival será lindo... Este será o melhor ano de Touriga
Nacional no Seival! Ainda não posso comunicar. Mas tem muita novidade boa a vir
por aí.
CARLOS: Novidades quanto a
produtos diferentes ainda não.
- O que o consumidor pode esperar da safra 2018?
CARRARO: O consumidor pode
esperar vinhos com excelente potencial de guarda e ao mesmo tempo, para os
vinhos de proposta mais jovem, encontrará características muito agradáveis como
intensidade aromática e no paladar irá sobressair a estrutura, persistência,
serão vinhos mais robustos e com graduação alcoólica entre 13% e 14,5% em
média.
VINICIUS: Vinhos altamente
equilibrados, aromaticos e unicos. Uma safra que promete ser melhor que a de
2005 e chegar no nivel da 1981.
EDEGAR: O consumidor pode
esperar uma safra muito boa no geral, e se o clima continuar assim vamos ter
grandes tintos comparáveis a safra 2005.
MIGUEL: O melhor ano de vinhos
da minha ainda iniciante vida.
CARLOS: Este ano se continuar
assim será uma das melhores safras que a Serra Gaúcha já viu nos últimos 35
anos.
ALEJANDRO: Grandes vinhos em
todas as gamas de muita qualidade onde se terá uma relação qualidade e preço
fora do normal.
GABRIELA: Uma safra de grandes
vinhos tintos, com cor muito intensa e escura, aromas de frutas muito maduras,
alto potencial alcoolico e grande potencial de guarda.
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