Números mostram retração em todos
os produtos vinícolas no período. Redução foi de 30% no vinho fino, 21% nos
espumantes, 22% no vinho de mesa e 15% nos sucos
O Instituto Brasileiro do Vinho
(Ibravin) divulgou os dados de comercialização do primeiro trimestre deste ano.
Os números mostram a queda de 20,3% em relação ao mesmo período de 2016, se
considerado o desempenho total do setor. De janeiro a março foram vendidos 61,3
milhões de litros, enquanto no ano passado foi registrada a venda de 77 milhões
de litros. Nos produtos vitivinícolas com maior volume de elaboração – o vinho
de mesa e os sucos de uva prontos para o consumo – a redução foi de 22,1% e
15,3%, respectivamente. No vinho fino o recuo foi ainda maior, de 30,5%,
enquanto o espumante registrou queda de 21,1%.
Para o presidente do Ibravin,
Dirceu Scottá, a carga tributária que incide sobre o vinho brasileiro, o
crescente aumento dos custos em toda a cadeia, aliados ao momento econômico e à
diminuição na renda das famílias explicam o resultado negativo do primeiro
trimestre de 2017. Scottá cita ainda como os principais motivos o Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), fixado em 10% sobre o valor de venda do
produto desde 2015, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS), além da Substituição Tributária (ST), que dificulta a venda entre os
estados e que antecipa o pagamento dos impostos.
“Neste cenário estamos perdendo espaço para o vinho importado, que hoje já ocupa 40% do mercado brasileiro, se considerarmos todos os produtos. As nossas condições de competitividade não são as ideais porque temos custos maiores e encargos tributários elevados”, diz o presidente. A participação dos rótulos importados no mercado brasileiro de vinhos finos (incluindo vinhos tranquilos e espumantes), que no primeiro trimestre de 2016 era de 73,1%, chegou a 84,6% neste ano. Scottá acrescenta que cerca de 50% do valor de uma garrafa produzida no Brasil, em média, é composto por tributos, podendo ocorrer variações entre os estados de acordo com a alíquota de ICMS.
O dirigente destaca, ainda, o
grande volume de vinhos finos importados a valores cada vez menores no país e
que acabam competindo com o vinho de mesa engarrafado. Os aumentos na
importação das bebidas referidas por Scottá foram de 48,5% para os vinhos
tranquilos e de 44% na venda de espumantes. A queda no valor dos vinhos
importados foi de 16,5% nos primeiros três meses do ano, com preço médio por
litro de US$ 2,79. Em 2016, no mesmo período, esse valor era de US$ 3,35.
O vice-presidente do Ibravin,
Oscar Ló, também justifica a queda na comercialização em função dos altos
custos de produção da última safra, que registrou quebra de 57% no volume
colhido, e que acabou impactando no preço dos produtos nos pontos de venda.
Segundo o dirigente, que também preside a Federação das Cooperativas Vinícolas
do Rio Grande do Sul (Fecovinho), a perspectiva é de que nos próximos meses
ocorra a recuperação na comercialização. “A chegada do frio também pode ajudar
a aquecer as vendas, em especial nos vinhos tranquilos”, acredita. Ló prevê
que, ao final do ano, os volumes de vendas deverão ficar próximos aos de 2016 e
acrescenta que o momento econômico do país também influenciou nos resultados do
primeiro trimestre.
O Ibravin vem trabalhando junto
ao Governo Federal e aos governos estaduais para a redução da tributação de
vinhos. Em 2016, o setor conquistou a inclusão das micro e pequenas vinícolas
no Simples Nacional. A medida passa a vigorar a partir de 2018. O trabalho
junto aos estados é focado na diminuição da Margem de Valor Agregado (MVA) que
compõe as alíquotas de ICMS, além da suspensão da ST.
Os números do primeiro
trimestre:
* Vinho fino recuou 30,5%, com a
comercialização de 2 milhões de litros;
* Sucos de uva prontos para o
consumo tiveram retração de 15,3%, com 20,5 milhões de litros negociados;
* Nos espumantes a redução foi de
21,1%, com a comercialização de 1,7 milhão de litros;
* Se somados todos os vinhos e
espumantes, a redução nas vendas foi de 22,7%, com 31,2 milhões de litros;
* Na soma de todos os produtos,
incluindo os derivados da uva e do vinho, os néctares, vinagres, destilados,
entre outros, a queda foi de 20,3% (61,3 milhões de litros);
* Foram importados 20,1 milhões
de vinhos (alta de 48,5%) e 829 mil litros de espumante (crescimento de
43,9%);
* A participação dos rótulos
importados no mercado de vinho fino brasileiro foi de 84,6% no primeiro
trimestre. Se forem considerados todos os produtos os importados têm
participação de 40,2%.
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