A concessão do registro da Indicação Geográfica Farroupilha
para vinhos finos moscatéis foi publicada pelo Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI) na última terça-feira, 14 de julho. O pedido para reconhecimento na Indicação de
Procedência (IP) havia sido protocolado
há cerca de um ano pela Associação Farroupilhense de Produtores de
Vinhos, Espumantes, Sucos e Derivados (Afavin). Com a IP Farroupilha, o Brasil
passa a ter cinco Indicações
Geográficas de Vinhos Finos: IP Vale dos
Vinhedos (2002) – DO em 2012, IP Pinto Bandeira (2010), IP Altos Montes (2012),
IP Monte Belo (2013) e IP Farroupilha (2015). Todas receberam apoio
técnico-científico da Embrapa Uva e Vinho para a sua estruturação.
A solicitação formal do reconhecimento exigiu um detalhado
dossiê com a delimitação geográfica, a caracterização da vitivinicultura
(vinhedos e vinícolas), os processos de produção, as características de
qualidade química e sensorial dos vinhos, incluindo a comprovação do renome da
região como produtora de vinhos moscatéis finos. No projeto, constou também a
formulação do Regulamento de Uso da IP, estabelecendo os processos de produção
exclusivos e obrigatórios, bem como do Sistema de Controle para a qualificação
dos vinhos com o qualificativo da IP.
Para o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Jorge Tonietto,
coordenador técnico do projeto, o grande diferencial desta Indicação Geográfica
é que a área delimitada corresponde à histórica região produtora de uvas
moscatéis da Serra Gaúcha, onde há a maior concentração destas variedades do
país. “A conquista da Indicação pela Afavin irá possibilitar que centenas de
produtores e dezenas de vinícolas estabelecidos na região delimitada possam
colocar no mercado vinhos moscatéis espumantes – um dos carros-chefes da
preferência nacional -, frisantes e vinhos tranquilos, que expressam a originalidade
do terroir desta região”, destaca.
A obtenção da IP é recebida pela associação de produtores
farroupilhense como uma grande conquista, conforme aponta o presidente da
Afavin, João Carlos Taffarel. “O reconhecimento da IP Farroupilha coroa um trabalho
de longo prazo que temos desenvolvido pelo fortalecimento da cadeia
vitivinícola local. A obtenção representa
a passagem para um novo patamar de trabalho e de promoção dos vinhos e
espumantes farroupilhenses. Enfatizar as bebidas moscatéis é uma estratégia
assertiva, que valoriza e aproveita a vocação local e tem um grande apelo no mercado, sendo esses produtos versáteis,
leves e aromáticas, com aceitação no mercado nacional e potencial para
exportação ”, salienta.
Para poder colocar no mercado vinhos com a IP Farroupilha,
além de estarem na área delimitada, os produtores deverão atender aos
criteriosos processos de produção e de elaboração dos vinhos segundo o
estabelecido no Regulamento de Uso
desenvolvido especialmente para os vinhos da IP Farroupilha. A entrega oficial
do certificado de registro à Afavin e produtores pelo INPI ocorrerá em
solenidade no município de Farroupilha na última semana de outubro.
As atividades em busca da indicação geográfica começaram em
2005, com a criação da Afavin. Na sequência, diversas ações foram
desenvolvidas, mas a iniciativa ganhou força no ano de 2009 com a aprovação de
projeto de Desenvolvimento e Estruturação da Indicação Geográfica, sob a
coordenação da Embrapa Uva e Vinho, tendo como instituições parceiras a Embrapa
Clima Temperado, a Universidade de Caxias do Sul e a Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, em trabalho conjunto com os produtores associados da Afavin.
O projeto também conta com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e da Prefeitura Municipal de Farroupilha. O escritório Barcellos
Marcas e Patentes preparou o processo protocolado no INPI.
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