Esta é a frase que resume a
grandiosidade da Expovinis Brasil 2015, ocorrida em São Paulo na semana passada,
cidade que foi palco mais uma vez da maior feira de vinhos da América Latina –
em sua 19ª. edição – e reuniu nos pavilhões do Expo Center Norte um leque de
500 expositores – em sua maioria produtores de vinho – de todas as principais
regiões vinícolas do mundo que trouxeram mais de 5.000 rótulos para avaliação e
degustação.
Um público de milhares de
pessoas formado por profissionais do setor, importadores, imprensa, enófilos,
compradores de grandes varejistas e amantes do vinho puderam interagir com o
que há de melhor em representatividade de vinhos e lançar olhos sobre as
novidades e tendências do setor nos 3 dias de exposição.
Como funcionou?
Na entrada do evento o público
adquiria uma taça e com ela percorria as dezenas de estandes que abrigaram as
centenas de produtores – cada qual com cerca de 10 rótulos na mostra – e
degustavam o que tinham interesse, além de poder conversar pessoalmente com os vinhateiros
da maioria das regiões produtoras do planeta. Paralelo ao evento ocorreram
palestras, degustações premium, bate-papos sobre tendências e
comercialização. Muitas foram as
novidades apresentadas, algumas das quais podem ser acompanhadas a seguir.
O vinho em minigarrafas:
Chamou atenção o pequeno estande
no espaço de Portugal pela intensa movimentação. Lá estava Ricardo Aleixo, produtor
português da vinícola Real Cave do Cedro, da cidade de Aveiro, divulgando seus
vinhos comercializados em pequenas garrafas de 255ml, destinada ao consumo
rápido e com um perfil mais jovem. A vinícola fundada pelo seu avô e pai guinou
a direção quando ele assumiu e propôs a ideia que aqui no Brasil usualmente se
vê em espumantes vendidos em pequenas garrafas e muito consumidos em baladas e
bares descolados. Segundo Ricardo, hoje a produção representa o maior
percentual do total engarrafado pela vinícola, número a dar inveja a 98% das
vinícolas brasileiras. Na Europa é comercializado a 1 euro e a participação na
Expovinis teve o intuito de buscar importador para o produto. São quatro short wine engarrafados: um branco e três
tintos, entre os quais um Syrah com 14,5% de graduação alcoólica e um dos
tintos para ser degustado gelado.
Os Vignerons:
A região produtora de Champagne
na França é largamente conhecida por ser berço do espumante homônimo mais
espetacular do mundo. “Os” Champagnes que mais conhecemos no Brasil são aqueles
engarrafados pelas marcas das “Maisons” (“Casas”), que apesar de terem fama
internacional, representam menos de 2% dos produtores de Champagne. Os outros
98% são chamados de “Vignerons” (vinhateiros), ou seja, são aqueles que além de
elaborar o Champagne, cultivam as próprias uvas, controlando assim o processo
por inteiro, do plantio até a comercialização.
Os Vignerons produzem um
sem-número de Champagnes, que revelam expressões de cada terroir e de cada
“savoir-faire” do vinhateiro, carregando a tradição vitivinícola das gerações
passadas. A fim de dar notoriedade aos Champagnes produzido nos vinhedos, o
Sindicato Geral dos Vignerons do Champagne criou em 2001 a marca coletiva “os
Champagnes de Vignerons” que agrupa todos os viticultores e cooperativas de
viticultores que comercializam o próprio Champagne. A entidade congrega mais de
5 mil Vignerons (de um total de 16 mil existentes) que são responsáveis por 90%
da área cultivada da região de Champagne; 34% das vendas totais da bebida e
produção de 100 milhões de garrafas.
Os vinhos laranjas:
A Importadora Decanter é uma das
pioneiras na comercialização de vinhos laranjas importados da Europa para o
Brasil. Tais vinhos remetem aos primeiros vinhos produzidos no mundo, lá na
antiguidade, mais precisamente na região do Cáucaso onde hoje é a República da
Geórgia. Possuem em geral coloração alaranjada decorrente da maceração das uvas
brancas com o mosto, tal como o processo produtivo dos vinhos tintos a partir
de uvas tintas. A vinificação oxidativa reforça esta pigmentação da matéria
colorante e alguns produtores utilizam as peculiares ânforas da Geórgia. Tais
vinhos são absolutamente sui generis, únicos, com coloração do turvo ao límpido
e aromas carregados de notas florais, compotas de frutas cítricas e frutas
secas e também nuances minerais. Em boca geralmente são firmes e estruturados,
tal como um tinto, mas com o frescor e a mineralidade de um bom branco. A
Itália é a precursora como produtora atual de vinhos laranjas. Sua diversidade gastronômica também impactam
pois acompanham muito bem desde peixes e crustáceos até carnes vermelhas.
A uva País:
Uma das castas mais antigas das
américas, a uva País, trazida pelos padres jesuítas – e tão antiga quanto a uva
Creole - , é um dos grandes resgates feitos por alguns viticultores chilenos.
Tal uva vem apresentando um grande
potencial para vinhos finos, tintos e espumantes.
A País dá fruto a vinhos de
coloração rubi clara, leves e saborosos, com uma profusão aromática muito boa –
framboesa e cereja em destaque - e boca redonda e fácil de beber. Um dos bons
vinhos País presente na Feira foi o Chilcas País 2011 com toque de pimenta
preta e especiarias no nariz e ótima persistência.
Os vinhos brasileiros que chamaram atenção:
Guatambu Épico - blend tinto composto por 4 castas - Cabernet
Sauvignon, Merlot, Tempranilo e Tannat – de 4 safras distintas – 2011 a 2014 - mostrou-se de corpo médio, muito frutado,
redondo e fácil de beber, por sinal diferente do que se esperava pelas potentes
uvas usadas.
Está longe de ser um daqueles cortes pesados e volumosos. A
passagem por barrica deixou o vinho manso mas não tirou-lhe a vivacidade, o
frescor e a elegância.
Top da vinícola de Dom Pedrito Campeão na Categoria
Tintos Corte no concurso Grande Prova de Vinhos do Brasil.
Pizzato Vertigo Brut Nature -
como o próprio enólogo Flávio Pizzato atestou, o Pizzato Vertigo Brut Nature é
o espumante mais interativo do Brasil, pois é o consumidor que escolhe quanto
tempo o mesmo ficará e contato com as leveduras (vai ao mercado já com 33 meses
em contato com as mesmas), pois neste borbulhante não ocorre o chamado “dégorgement”
(congelamento do gargalo com consequente abertura e retirada das leveduras e
sedimentos) o que dá origem a um espumante turvo, repleto de leveduras na taça,
de coloração palha com reflexos esverdeados com aromas cítricos, avelãs,
brioches e amêndoas. Em boca muito fresco, vivo e com fantástica acidez. Tal
espumante foi destaque Espumante Revelação do Ano no Guia Descorchados 2015.
O melhor vinho provado:
É impossível algum visitante
normal provar mais que 30 ou 40 rótulos num oceano de rótulos como os a mostra
na Expovinis. Qualquer apaixonado pela bebida de Baco passaria uma semana
somente degustando as opções dos produtores franceses, por exemplo. Ainda
assim, fora os vinhos premiados pelos jurados do Top Ten – os melhores vinhos
daqueles que foram inscritos da feira para o concurso – alguns rótulos chamavam
muita atenção, um dos preferidos foi o espanhol de Rioja, o El Puntido 2011, da
vinícola Viñedos de Páganos, um Tempranillo corpulento, sedoso, untuoso e
maduro, com ótima fruta negra e leve picância e tostado nos aromas. Um vinhaço!
Além das taças - conversas nos bastidores:
- Flávio Pizzato estava eufórico
com a presença de seu novo e exclusivo espumante Vertigo eleito espumante
destaque do Guia Descorchados 2015
- A gaúcha ConceitoCom é a nova
empresa de assessoria de imprensa da Vinícola Peterlongo
- Valter Pötter – capo da
Guatambu Estância do Vinho – era só sorrisos com a receptividade ao seu vinho
premium Épico elaborado pelas mãos dos enólogos Gabriela Pötter e Alejandro Cardozo
- O Brasil é o mercado da vez
mirado pelos pequenos e médios produtores europeus, em especial Portugal e
França
- Dirceu Vianna Jr, o único master wine brasileiro, desfilou
simpatia, conhecimento e conteúdo pelos corredores da Feira
- A Don Guerino, vinícola gaúcha
de Alto Feliz – lançou no espaço Vinhos do Brasil o seu Malbec Vintage, um
vinho leve, aromático e muito fácil de beber
- Grandes vinícolas brasileiras não
foram vistas no evento deste ano, entre as quais Miolo e Valduga
- Em 2014, o Brasil importou
1.075.187 garrafas de Champagne por um valor de 19 milhões de euros o que o
coloca na 24ª. posição entre os maiores compradores do espumante.