O mítico vinho francês Romanée-Conti transita
ostentação entre os ricos, os corruptos e os sortudos!
Minha primeira vez não foi
igual ao do ex-presidente Lula. Nem seria para tanto, afinal de contas temos
pouquíssimas semelhanças, quiçá nenhuma. O fato é que segundo contam quando
prestes a ser eleito em seu primeiro mandato em 2002, na noite após o último
debate presidenciável antes das eleições, do qual o então ex-sindicalista saiu
vitorioso Lula, Antonio Palocci e o publicitário Duda Mendonça se reuniram em
um restaurante italiano no Rio de Janeiro para comemorar o desempenho no debate
com “pão e vinho”. O vinho em questão era um Romanée-Conti 1997, um dos vinhos
mais caros e cobiçados do mundo, um vinho das elites degustado pelo
representante do povo. Se o vinho foi pago por ele, por seu marqueteiro, com
recursos da campanha ou por Palocci que estava de aniversário não vêm ao caso,
pois esta narrativa não propõe o mérito de quem pagou, mas sim de quem bebeu o
RC.
Pois bem, minha história com o
Romaneé-Conti iniciou pelas mãos de uma amiga, ex-colega de MBA que trabalha em um dos mais tradicionais restaurantes de Porto Alegre.
Pois bem, estava eu numa segunda-feira nublada e fria na capital gaúcha e sedento por um bom restaurante cuja
opção fora o acima lembrado. Não imaginava que o mesmo fora
dos ascendentes desta colega a não ser pela coincidência de tê-la visto por lá
e nos reconhecermos. Depois de um papo de recordações e risadas logo o assunto foi vinho, do qual a adega do restaurante é muito bem reconhecida.
Por lá se encontram com facilidade garrafas que beiram dez, quinze, vinte mil
reais! Minha pergunta fora se tais vinhos possuíam uma considerável demanda e
qual minha surpresa que a resposta foi sim, possuem. Entre o público
consumidor, jogadores e alguns técnicos de futebol, empresários e políticos
(sempre eles!). Neste seleto rol, figura um conhecido cliente da casa, habituê
de Romanné-Conti, o mítico vinho da Borgonha. Minha amiga chamou a um garçom e
solicitou que trouxesse algo à mesa, logo atendida o homem descobriu com um
guardanapo de pano uma garrafa da safra de 1998, cuja rolha havia sido reposta
e pouco mais de 2 dedos do vinho faltavam a garrafa. “Nosso cliente pediu este
vinho no almoço de hoje e disse que não estava à contento? Tu que és um
conhecedor de vinhos podes bebê-lo e me dizer o que achas?” decretou a moça
deixando-me com a garganta seca tamanha responsabilidade. Atestar a condição de
um Romaneé-Conti, um vinho a partir de R$ 20.000,00, cuja história eu só havia
acompanhado pela literatura na condição de “conhecedor”? Enfim, não pude
pestanejar, manti-me firme e passado o baque da surpresa, empurrei para o lado
a taça do já fantástico Cartuxa Évora 2001 que bebia, servi-me de meia taça do
RC e respondi tranquilamente: “Mas é claro!”.
Batimentos acelerados, pingo de suor na testa, fez-se a avaliação. Vinho
impecável! Agradecimentos ao caro cliente por ter recusado tamanha jóia! Depois
da sobremesa, uma dose de cachaça, afinal, essa história merecia ter como
digestivo o destilado.
Mas que vinho é esse?
O Romanée-Conti é um dos
vinhos mais emblemáticos, caros, cobiçados e exclusivos do mundo, sonho de
consumo de xeiques, governantes, milionários e apreciadores em geral. Carrega
consigo a ostentação do status de poder e riqueza. Em 1131, o Duque de Borgonha
cedeu suas terras ao Mosteiro de Saint-Vivant que passou a produzir vinhos e em
1790, o já famoso vinhedo foi vendido a Louis-François de Bourbon, príncipe de
Conti, cuja denominação Domaine de la Romanée-Conti é datada de 1794. A
denominação La Romanée é uma referência aos romanos que chegaram ao berço da
Borgonha. De 1911 em diante a propriedade dos vinhedos pertence a família
Villaine. Segundo o crítico Robert Parker, o vinho possui “aromas celestiais e
surreais” e é como “uma mão de ferro em luva de veludo”, aliando complexidade
estrutural e convidativa maciez. Os apreciadores de vinho são divididos em dois
grupos: os que provaram o Romanée-Conti e os que morrerão sem sentir-lhe o
bouquet. O Brasil – pasmem - é o décimo consumidor mundial deste nobre produto,
consumindo cerca de 80 caixas por ano. Um dos maiores compradores deste vinho é
Paulo Maluf que coleciona Romanée-Conti das mais variadas safras.
A cada safra apenas entre 4 e
6 mil garrafas são produzidas e o Romanée-Conti é vendido em caixas de 12
garrafas onde apenas uma delas é o próprio, sendo as demais denominadas La
Tache, Richebourg, Grands Échézeaux,
Échézeaux, Romanée-Saint-Vivant e Le Montrachet. Algumas safras podem chegar
facilmente a mais de 20 mil dólares a garrafa e quadruplicar o valor em pouco
mais de dez anos. O vinho deixou de ser produzido de 1946 a 1952, pois durante
a Segunda Guerra, os produtos químicos e a mão-de-obra necessária para proteger
o vinhedo da praga que ataca as raízes chamada phylloxera sumiram e as vinhas apodreceram
e foram arrancadas, sendo recuperadas mais tarde com enxertos ou raízes
americanas. Por conta disto as safras Romanée-Conti
até 1945 podem valer quantias astronômicas.
Baco fala:
O Domaine de la Romaneé-Conti 1998 é um vinho tinto elaborado 100% com uvas Pinot Noir de cultivo
biodinâmico e agricultura de precisão, produzido na região de Borgonha, na
França, com apenas 6.000 garrafas por safra. De coloração rubi claro, muito
brilhante possui lágrimas médias e chorosas. Aromas fechados no início, mas com
um pouco de tempo aparecem frutas vermelhas (cereja e morango) e negras (cereja
negra e ameixa), nuances florais principalmente violetas, também mineralidade
bem destacada, umidade, couro e tostado. Boca com muita estrutura e
complexidade, seca e salivante. Taninos finos e redondos, muita persistência e
excepcional retrogosto. Inigualável! Estagia cerca de 20 meses em barricas de
carvalho francês. Potencial de guarda até 2030 e 13% de graduação alcoólica. Um
vinho deste porte não deve ser harmonizado com nenhum alimento, somente com ele
mesmo!
O importador www.vinhosmillesimes.com.br
traz os DRC ao Brasil por valores conforme a safra.
O Domaine de la Romaneé-Conti |
Vinhedos |
Albert de Villaine, proprietário |
Muito bom seu post! Um deleite! Parabéns
ResponderExcluirBoa tarde! Por um problema no blogger somente hoje consegui ter acesso aos comentários gerados pois muitos não apareciam em minha página, por isso perdoe-me a falta de resposta. Obrigado! Fantástica experiência!
ExcluirQue história incrível! Simplesmente incrível...
ResponderExcluirMinha primeira experiência com um Pinot Noir da Borgonha foi um pouco frustrante: Domaine Roger Belland Bourgogne Pinot Noir 2013. Mas talvez fosse eu quem não estivesse "pronto", e não o vinho. :O)
Boa tarde! Por um problema no blogger somente hoje consegui ter acesso aos comentários gerados pois muitos não apareciam em minha página, por isso perdoe-me a falta de resposta. Obrigado, lugar certo na hora certa! Cuidado com PN franceses que chegam a nós, nem sempre de boa qualidade!
ExcluirDesculpe o tardio comentário,mas não pude terminar a leitura por total falta de sintaxe e alguns erros grotescos de pontuação.o texto não funciona. Parei na segunda feira nublada e fria!!!! Cuja opção era ???????????????????????????????????
ResponderExcluirBoa tarde! Por um problema no blogger somente hoje consegui ter acesso aos comentários gerados pois muitos não apareciam em minha página, por isso perdoe-me a falta de resposta. Que pena que não foste adiante.
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