Crescimento de 5,5% na
comercialização de espumantes e de 13,5% na venda de suco de uva contrasta com
a redução nos volumes referentes aos vinhos, que apresentaram queda de 4,1% em
relação a 2013 no mercado interno. Os dados se referem aos produtos elaborados
no RS
As vendas de produtos
vitivinícolas elaborados no Estado do Rio Grande do Sul, que correspondem a
cerca de 90% da produção brasileira, se mantiveram estáveis em 2014, se
comparadas ao ano anterior. Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro do
Vinho (Ibravin), nesta semana, apontam que houve uma redução de 0,18% no total
global na comercialização, acompanhando o baixo crescimento econômico
brasileiro no período, com o Produto Interno Bruto (PIB) em 0,2%. Os destaques,
mais uma vez, foram os espumantes, com a venda de 16,7 milhões de litros, e os
sucos de uva prontos para o consumo, com a comercialização de 90,2 milhões de
litros, índices de crescimento de 5,5% e 13,5%, respectivamente. Na contramão
destes resultados, os vinhos finos apresentaram redução de 3,9%, número
semelhante ao registrado na comercialização dos vinhos de mesa, com índice
negativo de 4,1%. Já os produtos importados, reagiram em relação ao ano
anterior e cresceram 12,4% na venda em supermercados, lojas, adegas e
restaurantes.
O presidente da Federação das
Cooperativas Vinícolas do Rio Grande Sul (Fecovinho), Oscar Ló, destaca que as
cooperativas do Estado têm reforçado a produção de sucos de uva e espumantes,
que apresentam crescimento constante nos últimos anos. “Como as cooperativas
têm o compromisso de receber toda a produção dos associados, a reconversão para
os sucos e espumantes contribui para que não tenhamos aumento de estoque e
problema na colocação no mercado”, explica. Ló lembra que a redução na venda do
vinho de mesa a granel é uma das tendências que podem ser observadas. “Temos
visto um crescimento na venda de produtos engarrafados, e isso é positivo, pois
são produtos com maior valor agregado”, enfatiza o dirigente.
Ao analisar os números de
comercialização de vinhos finos e espumantes em 2014, o vice-presidente do
Conselho Deliberativo do Ibravin e presidente da União Brasileira de
Vitivinicultura (Uvibra), Dirceu Scottá, reconhece que existem dificuldades na
competitividade com os importados, principalmente no segmento de vinhos
tranquilos. “É preciso continuar fortalecendo nossa base produtiva, com a
qualificação de produtos, sermos mais competitivos, trabalhar pela redução da
carga tributária e intensificar o trabalho de marketing que está sendo feito. É
uma junção de fatores que precisam ser trabalhados para melhorarmos esse
quadro”, pondera.
O presidente da Associação
Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Rogério Beltrame, concorda que a elevada
tributação e os custos de produção dificultam a competição com os produtos
importados. “A grande maioria dos vinhos importados não usa o selo fiscal
devido a decisões judiciais, o que acaba resultando em concorrência desleal com
o vinho nacional”, explica. Segundo ele, é importante continuar o pleito junto
ao Governo para a inclusão do setor no Simples Nacional. Entre os fatores
positivos que podem ser apontados, segundo Beltrame, é a procura cada vez maior
pelos sucos naturais.
Para o diretor executivo do
Ibravin, Carlos Paviani, o desempenho do setor vitivinícola deve continuar a
pautar as estratégias do setor de qualificação e busca de mercado. “De qualquer
forma o setor está em alerta porque não houve crescimento. É preciso
intensificar o trabalho de qualificação, ampliação e treinamento dos canais de
comercialização e aumento da competitividade, sendo a redução da carga
tributária e o combate ao descaminho algumas das alternativas”, propõe.
Desempenho de vendas dos
produtos vitivinícolas gaúchos em 2014*
(Correspondem a cerca de 90%
da produção brasileira)
· Os espumantes, em geral, tiveram
aumento de 5,5%, com a venda de 16,7 milhões de litros;
· Os espumantes moscatéis cresceram
14,3%, com a venda de 4,2 milhões de litros;
· Na categoria sucos de uva prontos para
o consumo, ocorreu aumento de 13,5% em relação a 2013, com a venda de 90,2
milhões de litros;
· Os sucos naturais/integrais cresceram
15,4%, com a venda de 83,3 milhões de litros;
· Na categoria de sucos de uva
reprocessados e/ou reconstituídos, o crescimento foi de 44%, com a
comercialização de 2,6 milhões de litros;
· Os vinhos tranquilos, incluindo os de
mesa e os de variedades viníferas, apresentaram redução de 4,17%, com a venda
de 225,2 milhões de litros;
· Foram vendidos 206 milhões de litros
de vinho de mesa (- 4,19% em relação a 2013):
Tintos: 177,8 milhões (-3,2%);
Brancos: 26,7 milhões (-9%); Rosados: 1,4 milhão (-20,3%);
· Foram vendidos 19,2 milhões de litros
de vinho de variedades viníferas (vinho fino), ou seja, -3,98% na comparação
com 2013: Tintos: 14,7 milhões (-3,7%); Brancos: 4,4 milhões (-3,7%); Rosados:
154, 5 mil litros (27,2%);
· Os vinagres apresentaram redução de 6%
na venda em relação a 2013, com a comercialização de 13,7 milhões de litros em
2014. A exceção positiva foram os vinhos acetificados (com maior acidez, para
tornarem-se vinagre no destino), com aumento de mais de 40% em relação ao mesmo
período.
* Dados provenientes do
Cadastro Vinícola, mantido por meio de parceria entre Ibravin, Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Secretaria de Agricultura e
Pecuária do RS. Os dados são referentes às vinícolas do Rio Grande do Sul.
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