quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Desejos para 2015



Iniciamos um novo ano e com ele a renovação da esperança de que as coisas mudem inclusive no mundo enogastronômico



Tivemos um grande ano em 2014 para a gastronomia brasileira! Talvez tenha tido a sua maior visibilidade até agora com restaurantes em número e posições importantes na critica especializada, nos rankings e avaliações em geral e tivemos um avanço significativo no espraiamento da culinária com os food trucks, com a comida de rua e com as centenas de ações que envolveram os gourmets, os cozinheiros e os chefs de cozinha do público apreciador. E nunca antes tantas pessoas se descobriram cozinheiras e praticaram em suas cozinhas, preparando almoços e jantares e reunindo seus entes queridos no entorno da mesa. O ano também foi especial para a viticultura brasileira, com nossos vinhos e espumantes garimpando medalhas e troféus mundo afora e a cada dia mais presentes em taças e decanteres desta extensão tupiniquim. Enfim, um belo ano, mas ainda assim com muitos desejos para 2015:

- que parem com esta história de "não sei o quê Gourmet" para cá e para lá. Um produto para ser diferenciado não precisa ser "gourmet", basta ter qualidade nos ingredientes e preparo e uma boa comunicação!

- que tomates secos, arroz à grega, coquetel de camarão e pimenta em flocos se aposentem de vez.

- que a tal "quebra" nos frutos do mar congelados seja regulamentada e fiscalizada. Já não chega os atuais preços destes ingredientes estarem proibitivos, o consumidor pagar por 1kg e ao descongelar sobrar apenas 550g é caso de polícia. Que cobrem 550g ou então que haja uma legislação eficaz sobre o tema.

- que sejam mais originais e parem de entupir os sushis com cream cheese. Qualquer coisa ruim fica boa com cream cheese, portanto, a excelência do Sushiman deve ser provada sem este mascaramento.

- que os mapas provem que o mundo vitivinicola vai além de Argentina e Chile. E que as boas maneiras ensinem que degustar vinhos e espumantes brasileiros é mais "in" que d"in"heiro pobre de espírito!

- que os hermanos argentinos finalmente se apercebam que “asado” é treino para churrasco!

- que alguns restaurantes tipo “buffet” deixem de bancar os espertinhos e colocar óleo de girassol dentro de recipientes de azeite de oliva extra virgem.

- que haja mais sabor e menos pompa, mais entrega e menos pose nas cozinhas deste Brasil.

- que os garçons parem de trazer vinhos abertos às mesas.

- que sejam abolidos por todo o sempre aquelas taças de vidro pequenas ditas para vinho de clubes e restaurantes pois até suco de uva perde sua essência servidas naquele recipiente.

- que o contrafilé não seja mais servido como filé mignon.

- abrir vinhos e antes de sequer sentir o aroma colocar a foto nos Vivinos da vida. Vinho é como música em fones Beats by Dr Dre: qualidade de fora para dentro, cada um sente para si. Depois, querendo repassar a sua opinião independente do que rola na web, seja bem-vindo ao legítimo clube de apreciadores!

- que esferificação, nitrogênio líquido e técnicas moleculares fiquem restritas a aulas de química e longe das cozinhas.

- que os restaurantes revejam a prática de colocar 100% de margem na carta de vinhos.

- que nos deixem saborear aquela gordurinha da picanha sem infestar-nos de recomendações e precauções médicas.

- que os restaurantes tenham como motivo maior a celebração da comida e não ponto de encontro para bate-papo no WhatsApp.

- que possamos ter a iluminação divina para produzirmos menos lixo orgânico e orientações programadas de como preparar saborosos alimentos com os “restôs”. A humanidade agradece!

- que acabe a divisão Baixa e Alta Gastronomia e que perdure apenas a Boa Cozinha responsável por uma comida bem feita.


Um Feliz Ano Novo a todos e que as mesas tenham mais comida e menos intrigas, que as taças tenham mais vinhos e menos egos!





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