André
Larentis – enólogo da Vinícola Larentis – alçou vôo e foi especializar-se num
dos grandes produtores vitivinícolas do mundo: os Estados Unidos! Acompanhe o
que descobriu por lá!
O vinho brasileiro vêm buscando cada vez
mais espaço nos cálices por este mundo afora num trabalho árduo por parte dos
produtores de busca de qualidade e posicionamento cada vez mais reconhecidos, o
que sabe-se não é fácil, tendo em vista a concorrência ferrenha que envolve o
segmento. Os investimentos vão além de melhoria na agricultura cada vez mais de
precisão, tecnologia produtiva, marketing e enoturismo. É preciso olhar aqueles
que fazem o vinho acontecer no Velho Mundo – donde há uma série de condições
favoráveis para tal cultura e mercado – e no Novo Mundo, principalmente nos
mercados que além de grandes consumidores também possuem excelência em
produção, caso dos Estados Unidos. E foi esta excelência que despertou o
interesse do jovem enólogo André Larentis, 24 anos, da vinícola homônima
localizada no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves em buscar o aperfeiçoamento
e o diferencial competitivo para o seu negócio, por meio de uma inserção full time no “american way of wine”. André passou quase 4 meses dentro de uma vinícola e conheceu mais de
50 outras no Nappa Valley, principal região produtora americana. Segue um pouco
de suas percepções desta incursão e dos conhecimentos que agregou!
Eu,
Gourmet:
Como foi a sua rotina nesta incursão aos
Estados Unidos?
André
Larentis: Fui
para o EUA dia 12 de agosto e passei quase 4 meses trabalhando. Durante o
período de estagio eu vivia na casa dentro da propriedade da vinícola Rombauer
que está localizada na cidade de Santa Helena no Napa Valley. Eu trabalhava de
8 a 12 horas por dia, principalmente durante a safra no mês de outubro. Eu era
responsável por um setor de tanques onde tinha que desempenhar todas as
atividades envolvidas com os vinhos durante o processo de fermentação. Nos finais de semana me dedicava a conhecer a
região do Napa Valley e Sonoma onde pude visitar quase 50 vinícolas! E muitas
de minhas horas livres eram usadas para leitura de excelentes livros sobre vitivinicultura
e enologia. Eu dividia a casa com outros enólogos da Espanha, da África do Sul,
da Argentina e do Chile, o que também colaborou para a troca de experiências
profissionais.
EG: De
onde surgiu a ideia de passar este tempo por lá?
AL: Era um sonho que
tinha desde que entrei no Curso Superior de Viticultura e Enologia, pois sempre
admirei muito o trabalho que os produtores de vinhos realizaram na região do
Napa Valley, uma região considerada “novo mundo” como o Brasil, mas que se
desenvolveu muito e rápido.
EG: O que você absorveu no tocante a viticultura:
técnicas, inovações, plantio que possa ser usado na Larentis?
AL: Minha ideia era
conhecer a respeito das técnicas, tecnologia e a filosofia dos produtores da
Califórnia. Algo que gostei muito foi o jeito pragmático com que os americanos
conduzem os processos. Pude ver muitas novidades relacionadas à tecnologia
aplicada principalmente dentro da vinícola e isto sem dúvida vai me ajudar a
aprimorar os processos realizados na minha vinícola.
EG: Como
você avalia a qualidade do vinho americano e atual momento daqueles produtores?
AL: Como em todas as
regiões produtoras existem os mais variados níveis de qualidade. A indústria
vitivinícola nos EUA é grande e muito competitiva, não diferente de outros
setores, mas se recuperou rápido após a crise de 2008 e tem crescido nos
últimos anos. Iniciar um empreendimento exige altos investimentos em função da
grande valorização das terras no Napa Valley, porém produtores que já estão inseridos
estão indo bem.
EG: Os
EUA estão muito na frente do Brasil quando a questão é Vinho?
AL: A indústria
vitivinícola nos EUA é madura e estável, possuiu suas variedades renomadas e
reconhecimento internacional. Mas a grande questão é que os americanos já
passaram por um processo de disseminação da cultura do vinho e hoje estão perto
de atingir o consumo de 11 litros per capita em um país com mais de 300.000.000
de pessoas. Isto é muita coisa e garante aos produtores a venda de mais de 80%
dos vinhos produzidos no próprio mercado interno.
EG:
Qual foi o fato relacionado ao vinho que mais lhe chamou atenção em seu estágio?
AL: Uma das
experiências mais marcantes relacionadas ao vinho que tive, foi no almoço de
final de safra, onde o proprietário da vinícola compartilhou conosco vinhos de
sua adega particular, verdadeiras raridades, vinhos de safras antigas
produzidos nas mais tradicionais regiões do mundo e obviamente da Califórnia
também. Foi uma degustação única!
EG: Qual
foi o melhor vinho americano e prato que você – apreciador de churrasco e uva
Merlot - provou por lá?
AL: Niebaum-Coppola Rubicon 1979 Red Blend. E o prato foi
o Macaron and Cheese!
EG: O
Brasil - e em especial o RS tem ainda como melhorar seus vinhos? Qual seria o
caminho para isso?
AL: Sem dúvida! O
grande desafio no meu ponto de vista é melhorar a qualidade média geral dos
vinhos aqui produzidos. Já existem vários produtores fazendo trabalhos
diferenciados, mas ainda temos um longo caminho no desenvolvimento sustentável
da região.
EG:
Quando a safra não é tão boa, de que forma o enólogo consegue elaborar bons
vinhos?
AL: A ideia é utilizar
práticas e técnicas a fim de minimizar os aspectos negativos da safra. Neste
quesito a sensibilidade do enólogo é muito importante para poder acompanhar o
processo e identificar as etapas onde ele pode agir de forma positiva e tomar
decisões mais assertivas.
EG: Como
a Vinícola Larentis está posicionada no atual mercado de vinho?
AL: Como uma empresa
familiar que possui foco no cultivo de vinhedos e elaboração limitada de vinhos
do segmento premium.
EG: Quais
novidades a Larentis está por lançar no mercado?
AL: Em breve teremos a
segunda safra do nosso vinho ícone, o Mérito! Uma produção muito limitada de apenas
2.000 garrafas e elaborada somente em safras excelentes.
É através deste tipo de atitude que podemos
observar que o vinho brazuca tem um amplo leque de oportunidades pela frente,
para isso basta ter humildade em saber que não se conhece tudo; coragem para
sair do quadrado e buscar inovação; interesse em melhorar cada vez mais e foco
global: pés aqui e cabeça no mundo!