Depois de décadas comandando o ritmo do que se bebe, o crítico e especialista americano aparenta cansaço em sua regência
O mais célebre e polêmico
crítico de vinhos de todos os tempos, o advogado americano Robert Parker
está morrendo! Sua bem estruturada e engenhosa classificação de vinhos degustados
sempre às claras e muitos deles remetidos por amigos enólogos e produtores
(algumas garrafas até com cartas de recomendações anexas) sugeriu por muitos e
muitos anos – talvez encabeçada pela visibilidade americana após o Julgamento
de Paris – um formato dito “ideal” para os vinhos do Novo Mundo, baseado
unicamente na opinião pessoal mas muito valiosa do especialista Wine Advocate.
RP antes de tudo foi um visionário que identificou uma carência, um nicho de mercado pouco explorado, quase um pioneiro amparado por uma bela estratégia de marketing indireto, como este texto por exemplo, onde criou um padrão que refletia a sua avaliação frente aos tradicionais visual, aroma e palato, mas um padrão em cima de vinhos já produzidos e encaminhados ao seu crivo. E seu marketing funcionou tão bem que séquitos de consumidores entenderam que não precisariam mais “perder tempo” fazendo a sua própria análise organoléptica do que estavam bebendo, pois se RP God atestou, atestado estava! Aí um engodo, uma venda aos olhos dos consumidores, o que sempre gerou muita polêmica foi inúmeros produtores engatilharem rótulos baseados unicamente nesta pseudo-referência, como uma quase garantia de sucesso comercial, afinal, se RP atribuiu 90 pontos para mais, o mercado compraria. A dita “Parkerização” ao mesmo tempo que trouxe tal referencial, retirou do mercado a possibilidade de termos vinhos cada vez melhores, cada qual no seu estilo, cultura de produção, terroir e únicos em essência, praticamente retirando a soberania produtiva de inúmeros viticultores.
RP antes de tudo foi um visionário que identificou uma carência, um nicho de mercado pouco explorado, quase um pioneiro amparado por uma bela estratégia de marketing indireto, como este texto por exemplo, onde criou um padrão que refletia a sua avaliação frente aos tradicionais visual, aroma e palato, mas um padrão em cima de vinhos já produzidos e encaminhados ao seu crivo. E seu marketing funcionou tão bem que séquitos de consumidores entenderam que não precisariam mais “perder tempo” fazendo a sua própria análise organoléptica do que estavam bebendo, pois se RP God atestou, atestado estava! Aí um engodo, uma venda aos olhos dos consumidores, o que sempre gerou muita polêmica foi inúmeros produtores engatilharem rótulos baseados unicamente nesta pseudo-referência, como uma quase garantia de sucesso comercial, afinal, se RP atribuiu 90 pontos para mais, o mercado compraria. A dita “Parkerização” ao mesmo tempo que trouxe tal referencial, retirou do mercado a possibilidade de termos vinhos cada vez melhores, cada qual no seu estilo, cultura de produção, terroir e únicos em essência, praticamente retirando a soberania produtiva de inúmeros viticultores.
De alguns anos para cá –
talvez no máximo 10 – o consumo de vinhos no Brasil aumentou. Os números finais
não tiveram tanto crescimento quanto a qualidade do vinho bebido. Com o
espraiar de confrarias, de degustações, do marketing mais bem feito, o charme
do vinho impregnou-se entre os consumidores. Para estes novos consumidores, as
escalas de referência e as avaliações dadas por muitos institutos, com destaque
para RP, influenciaram verdadeiramente seus hábitos de consumo. Conduziram seu
paladar a uma padronização nociva ao verdadeiro espírito do vinho, de ser
diferente e único a cada desarrolho, praticamente tirando do vinho a expressão “ser
vivo e emocional”. Mas percebe-se um movimento muito intenso de manifestação
contrária a este panzer, um despertar de que a individualidade daquilo que se
bebe e a experimentação do diferente é que traz efetivamente um ganho de
sabedoria palatar, entrega a possibilidade multioptativa, da observação, ou
como queira-se, o benefício da escolha. Este andar em busca do orgânico, da
sutileza da região produtiva, do trabalho incansável do enólogo e da cultura
produtiva é que possibilita o universo de possibilidades no mundo do vinho. Se
choveu muito antes da colheita da safra 2006 no McLaren Valley, na Serra Gaúcha
ou em Nappa, foi inferior a de 2005, mas que possibilite a quem beber este
vinho elaborado saber disto, ter a possibilidade de diferenciar a safra e o
país e região e produtor que o confeccionou.
Viva a diversidade! Trevas a
parkerização!
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