Que dia pesado!
Minha filha Antonia, de 3 anos,
pintou-se literalmente de verde e amarelo nesta Copa! A cada jogo do Brasil
estava ela lá, rosto pintado, camiseta amarela, fantasiada, bandeira pendurada.
Claro, tudo por estimulo nosso, os pais. Afinal, sediar uma Copa do Mundo de
Futebol no Brasil é antes de tudo – e deixado as questões políticas e tudo o
mais de lado – um motivo de orgulho, um desafio imenso, uma coberta quente na frieza
dos dias sem saúde, sem educação, sem moradia, sem muitas vezes, dignidade. Sediar
uma Copa era a prova para nós de que sim, poderíamos sonhar ser um país de
primeiro mundo. Foi este estímulo, com esta proposta que nos lançamos e
envolvemos os próximos, numa onda de positivismo, bem estar e auto-estima nacionalista,
tão deficitários atualmente. A Copa veio para resgatar este sentimento de que,
quando se quer, se consegue.
Assistimos atônitos ao maior
fiasco já protagonizado por uma seleção nacional de futebol em todos os tempos.
Perder de 7 a 1 para outra agremiação é uma hecatombe para aquele que é
considerado o País do Futebol. O futebol está no sangue do brasileiro, em
nenhum lugar do mundo se vê tantas crianças brincando com bola, envolvidas com
o sonho de ser um jogador, de – vejam – representar o nosso país.
Infelizmente o futebol só é
idealista e lúdico para aqueles que o assistem, nós, público leigo e apaixonado
pela magia deste esporte. Para quem vive dele é um negócio, nem sempre legal e
reto, nem sempre com princípios. Assim como em outras instituições, é velada a
corrupção, o mercenarismo, a falta de comprometimento e o jogo de interesses.
Sabemos, mas não queremos acreditar nisto, queremos sim um pouco de bálsamo em
nossas feridas culturais e organizacionais.
Voltando ao fatídico 7 a 1, minha
citada Antonia, sentada no sofá da sala após o jogo, assistindo a TV, comenta
ao ver um jogador brasileiro chorando ao sair de campo, inconsolável na
entrevista: “Pai, por que o jogador está chorando?”. Respondo: “Ele está
triste, o Brasil perdeu...”. Quando retruca em seguida: “Mas pai, perder e
ganhar faz parte do jogo”. Que alívio, a
simplicidade do entendimento da criança sepultou a minha tristeza e
restabeleceu a normalidade, afinal, ante
um 7 a 1 vergonhoso a sobreposição da tranquilidade da percepção do futuro do
País do Futebol!
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