Aumento de quase 10% nas
vendas, perspectiva otimista para os vinhos brasileiros e a parceria com o varejo devem contribuir para
um cenário positivo no ano
A retomada de mercado para os
vinhos brasileiros no mercado interno com o aumento em cerca de 10% nas vendas
em 2013 deverá ter sequência neste ano. Esta é a expectativa de representantes
do varejo e do setor vitivinícola que participaram na tarde de ontem (4), em
Bento Gonçalves, do workshop Avaliação do Mercado de Vinhos, Sucos e Espumantes
- Estratégias e Perspectivas para 2014, promovido pelo Instituto Brasileiro do
Vinho (Ibravin) em parceria com a Associação Brasileira dos Supermercados
(Abras). No evento, que contou com a presença de 150 pessoas, foram
apresentados os dados de comercialização, com destaque para a retomada do
crescimento da venda de vinhos finos (7%) e de mesa (3,1%) e a continuidade da
expansão de mercado para os espumantes e suco de uva(7,7% e 40%
respectivamente).
O consultor de vinhos do Grupo
Pão de Açúcar, Carlos Cabral, anunciou o aumento de espaço para os rótulos
brasileiros na rede que é a maior vendedora do produto no Brasil na última
década. O especialista falou sobre a atenção especial que a rede tem com o segmento,
capacitando atendentes – são 220 em todo o grupo – buscando novidades e
trabalhando na formação de clientes. “O consumidor de vinho de mesa de hoje é o
consumidor de vinho fino amanhã. Temos que ter essa consciência na hora de
atendê-los sem querer impor um ou outro produto”, ensinou o consultor.
Cabral destacou a importância de descomplicar
a bebida e de disseminar a qualidade do vinho brasileiro, algo que vem se
intensificando nos últimos anos. O consultor abordou a necessidade de aumentar
o consumo per capita no país, que hoje é de 1,8 litro por ano e do esforço
conjunto que vem sendo encampado junto à cadeia produtiva após o acordo de
cooperação firmado em outubro de 2012 para aumentar o espaço do vinho
brasileiro no varejo. “Valorizando o consumidor podemos atingir ótimos
resultados como já constatamos em janeiro deste ano, com um crescimento
significativo nas vendas”, antecipou.
O workshop iniciou com a
apresentação dos dados de comercialização de 2013 pelo diretor técnico do
Ibravin, Leocir Bottega. Em seguida quatro representantes de vinícolas
discorreram sobre as perspectivas para os vinhos finos e de mesa, sucos e
espumantes. O local das apresentações foi alterado do Centro da Indústria,
Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves para o auditório da Embrapa Uva e
Vinho, devido à queda de energia elétrica registrada ontem em diversos estados
brasileiros.
O diretor Geral da Vinícola
Aurora, Alem Guerra, falou do crescimento acentuado da comercialização do suco
de uva nos últimos anos e a previsão de continuidade nos números positivos em
2014. “É uma bebida que agrada ao paladar do brasileiro. Estamos buscando a
excelência na qualidade e com embalagens diferenciadas. Esperamos crescer 25%
neste ano”, projetou. Sobre o mercado do vinho de mesa, o diretor Geral da
Vinícola Góes, Cláudio Góes, prevê um resultado semelhante ao do ano passado.
Segundo o empresário, o produto engarrafado, com maior valor agregado, tem
lugar cativo no paladar do consumidor brasileiro. “É um trabalho de formiguinha
para conquistar novos mercados. Esse cenário vai melhorar na medida em que o
consumidor estiver mais próximo do vinho brasileiro”, ponderou o empresário
amparado nos dados do ano passado. O segmento de vinho de mesa engarrafado
cresceu 9,36% sobre o ano anterior.
A retomada do mercado dos
vinhos finos e a concorrência com os importados foram abordados pelo presidente
da importadora Decanter e das vinícolas Hermann e Quinta da Neve, Adolar
Hermann. O empresário comparou o mercado brasileiro ao de países tradicionais
na produção e consumo da bebida, como Chile, Argentina, Portugal, Espanha,
França e Itália. Hermann citou o custo de produção, a tributação que taxou como
excessiva e o fato da cultura do vinho ser recente no país como fatores que
dificultam o mercado. “Precisamos explorar e divulgar o nosso estilo e as
características regionais, aportar mais recursos em marketing e racionalizar o
sistema produtivo com atenção especial para variedades viníferas”,
elencou.
O diretor Comercial da
Vinícola Perini, Franco Perini, ao falar sobre o cenário favorável para o
espumante brasileiro, projetou um futuro ainda mais promissor para a bebida.
Segundo o empresário, alguns fatores como ser um produto ideal para atrair
novos e jovens consumidores, o reconhecimento da qualidade e a vantagem
competitiva com os países da América do Sul justificam o otimismo. “A
desmistificação da bebida tem contribuído para a quebra da sazonalidade. Isto,
aliado à ascensão econômica e cultural e a preocupação das pessoas em consumir
produtos com qualidade são fundamentais para acreditarmos numa expansão ainda
maior do mercado de espumantes no Brasil”, destacou.
A diretora de Promoção do
Ibravin, Andreia Gentilini Milan, apresentou as ações da entidade em 2014,
citando como novidade a segmentação por tipo produto nas atividades que serão
desenvolvidas. A diretora mencionou o trabalho junto ao trade, com a realização
do Circuito Brasileiro de Degustação em seis capitais e a participação em
feiras.
O relacionamento junto a
profissionais do setor e formadores de opinião, o estreitamento de ações
desenvolvidas com o varejo, a capacitação de restaurantes e campanhas voltadas
para o consumidor final integram as atividades de promoção comercial do
Ibravin. “Procuramos segmentar os eventos por perfil de vinícolas e estamos
dando ênfase à visibilidade que teremos em função da Copa do Mundo. A
aproximação cada vez maior com entidades supermercadistas e restaurantes e a
consolidação do espumante brasileiro como o melhor do Novo Mundo também estão
na nossa agenda de trabalho para 2014”, concluiu.
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