A produção artesanal de panela de barro é uma das maiores expressões da cultura popular de
Vitória e do Espírito Santo. A técnica na produção, assim como a estrutura
social das artesãs, pouco mudou em mais de 400 anos, desde quando era produzida
nas tribos indígenas. Para fazer as panelas, as artesãs retiram a argila do
Vale do Mulembá, na Ilha de Vitória. Do manguezal que margeia a região de
Goiabeiras é extraída a casca da Rhysophora
mangle, popularmente chamada de mangue vermelho. Essa casca permite extrair
a tintura impermeabilizante de tanino, com a qual são pintadas de negro as
panelas, quando quentes. A arte de confeccionar as panelas de barro foi herdada
das culturas tupi-guarani e transmitida por várias gerações. Desde 2002 o
ofício de fazer panelas de barro é reconhecido nacionalmente como um Bem
Cultural de Natureza Imaterial e titulado como Patrimônio Cultural Brasileiro.
A aplicação do tanino nas panelas é feita da
seguinte forma: com uma vassorinha embebida em tanino, bate-se, vigorosamente,
na peça ainda quente, imediatamente após sua retirada do fogo. Esse processo de
impregnação é conhecido como "açoite". Como resultado, o tanino
penetra nos poros da cerâmica, cobrindo fissuras e tornando-a impermeável,
servindo também para impedir a proliferação de fungos, que, com o correr do
tempo, esfarelam o barro.
Com a coloração escura da panela é possível
obter uma melhor concentração do calor, facilitando, dessa forma, o cozimento e
a conservação dos alimentos. As panelas, depois de modeladas, ficam em lugar
ventilado e protegido do sol até secarem completamente. Só depois é efetuada a
queima, não em forno, mas em fogueiras a céu aberto - método bastante primitivo
adotado por tribos indígenas.
A queima também é feita dentro de um
procedimento ecologicamente correto, já que não há desmatamento de árvores da
região. Para fazer o fogo são utilizados restos de madeiras, principalmente da
construção civil. Apesar desse tipo de madeira nem sempre possuir o melhor
poder calorífico, o resultado final é satisfatório desde que o calor produzido
seja intenso, uniforme e dure o tempo necessário.
Fabricação
Mesmo em tempos de refinados designers e alta
tecnologia, a panela ainda é fabricada do modo tradicional. A massa da mistura
de argila, terra e água é moldada numa máquina e é manualmente que os ajustes
de rebarba e sobras são feitos, dando aquele toque especial nos contornos. O
torno ainda precisa de um artesão habilidoso para a massa não virar só um
amontoado de barro e virar uma panela ou utensílio de cozinha. Em média, alguém
com bastante experiência na moldagem leva menos de 5 minutos para dar forma a
uma tradicional panela de barro. Depois de moldadas elas vão para o forno de
lenha e ficam por volta de 40 horas já ganhando aquele brilho natural. Após
esfriar ainda ganham um banho de esmalte. Depois ainda passam por um processo
de um túnel de calor por 18 horas para definitivamente evitar rachaduras e dar
mais durabilidade, para a peça ser resistente nas chamas por longos anos.
São as melhores para a saúde
Quando os mais velhos dizem que as panelas de
ferro e barro são as melhores para a saúde, não é exagero. As panelas mais
modernas feitas com revestimento antidaderente e alumínio vão com o tempo de
uso transferindo esse material para a comida, causando problemas no sistema
nervoso ou até provocando cefaléia e anemia. As panelas de barro com menos de
20 anos já entram nesse processo de banho de esmalte e são mais seguras e não
contém chumbo, o que as mais antigas feitas sem o tratamento químico geralmente
tinham.
É aconselhável ao comprador das panelas de
barro fazer uma outra queima antes de utilizá-las na cozinha. Para isso,
deve-se colocar dentro da panela 2 colheres de óleo de cozinha, de preferência
óleo de oliva, levando-a em contato com o fogo. O óleo queimará e, quando a fumaça
começar a ficar preta, o fogo deve ser apagado. Tudo isso para que os materiais
usados na confecção das panelas não interfiram no sabor da comida.
Todas as comidas de fazenda, geralmente
cozidas nos fogões a lenha como o arroz, feijão e carnes eram feitas com a
panela de barro. Ela é mais indicada também para comidas que têm bastante molho
ou líquidos como as feijoadas. Demora mais tempo para o preparo, mas todos
concordam no final que o sabor compensa a espera. A galinhada feita no Paraná e
o vatapá dos baianos geralmente são melhores quando feitos em fogo de lenha e
panela de barro.
Fonte:
Secretaria de Turismo Prefeitura Municipal de Vitória
E esse esmalte não faz mal a saúde??
ResponderExcluirBoa tarde! Por um problema no blogger somente hoje consegui ter acesso aos comentários gerados pois muitos não apareciam em minha página, por isso perdoe-me a falta de resposta. Não faz mal pois é queimado em alta temperatura, muito menos prejudicial que panelas de alumínio!
ExcluirBoa Noite, Estou querendo muito comprar umas panelas de barro mas estou com muitas dúvidas a respeito se ela durante o cozimento transferem substâncias nocivas a saúde? Qual a diferença de panelas de barro de goiabeiras para a umas que dizem capixabas? Em relação a tintura se o tonino faz mal a saúde ? E como tenho certeza que ela não tem chumbo em sua fabricação? Obrigada
ResponderExcluirBoa tarde! Por um problema no blogger somente hoje consegui ter acesso aos comentários gerados pois muitos não apareciam em minha página, por isso perdoe-me a falta de resposta. As informações que tenho é de que as panelas de barro são muito menos prejudiciais que as de alumínio. Uso há muitos anos e sequer descascam ou soltam algum elemento. Não sei a questão química da produção e seus componentes. Grato pelo questionamento e continue interagindo!
Excluirqueria saber se o tanino deve estar em temperatura ambiente ou deve se esquentar antes do aplique?
ResponderExcluirTemperatura ambiente!
ExcluirOlá qual é a valor das panelas obrigada Deus abençoe
ResponderExcluirBoa tarde! As panelas de barro não são caras, pois duram uma vida toda se bem cuidadas. Muda o preço de estado para estado, encontrarás a partir de R$ 100,00 e de acordo com o tamanho.
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