O vinho antes
de tudo é um tributo a mulher. Talvez seja por isso que o apreciamos tanto.
Acredito piamente que o vinho
tenha sido inventado por uma alma feminina! Sim, não há como um homem – muito
menos aquele estereotipado pelo mitológico Baco - ter criado algo tão deslumbrante e perfeito.
Tudo o que envolve o vinho é feminino, sedutor e sexy, a começar pela garrafa:
propositadamente de cor âmbar para esconder o seu conteúdo, protege-lo dos
olhares brilhantes e curiosos e revelar-se somente quando o momento pertinente
for. Para descobrir o que esconde, deve-se despir o liquido de seu entorno,
tirar-lhe a roupa e efusivamente dar-lhe a liberdade da expressão e o beneficio
do frescor, da aero sublimação. Bebe-lo é sorver-se de prazer, é regozijar-se
de êxtase. A taça, então, reveste-se de todas as curvas - perfeitas curvas - do
corpo de uma mulher! Seu pé, um salto alto erguendo-se acima algo precioso,
beleza rara, decidida, vibrante, majestosa e vivaz. No bojo o formato de um
seio voluptuoso, redondo, liso e delicado que chama ao colo os lábios mais
vorazes.
Na cor rose a denúncia de
bochechas charmosamente enrubescidas e na tinta, a boca carmim recém-maquilada
de vermelho rubi intenso e contornos aquosos que, quando entreaberta,
habilita-se a extrair lágrimas lentas e abundantes. Um sortilégio para quem vê
e sente.
E no olfato mais ousado, o
perfume preenche a mente, revelando memórias e histórias recheadas de
puritanismo – ôpa! - mas nem tanto. O cheiro inunda as narinas trazendo flores,
frutas, baunilha, patchuli, suor e todo o repertório de fragrâncias exaladas
pelo corpo dadivoso. No balanço da taça, a mexida do cabelo, na gota escorrida,
uma última lembrança. E na boca, então, toda a complexidade que algo pode
exprimir, nem tanto ao fel nem tanto ao bálsamo, milhares de sensações:
frescor, vida, calor, surpresa, prazer. E neste conjunto, assim como o vinho, entrega-se
já vespertinamente ao brinde, certa e resiliente, majestosa e trágica. O vinho
antes de tudo é um tributo a mulher. Talvez seja por isso que o apreciamos
tanto!
Por fim nos alenta o justo
parafrasear da poeta Carolina Salcides em sua muito particular comparação: "como o vinho posso ser seca, tinta,
suave, encorpada. Me diga teu gosto que assim serei, para ser degustada, e, aos
pouquinhos, então desvendada. A mulher é como a uva. Tantas partes a compõe.
Ela não é uma. Ela é o todo. Provarás um gomo e a quererás toda. A casca, o
suco, a semente. O cacho todo. Quando é doce, azeda, ácida, amarga. Porque há
mulher para todos os gostos. E uma só, tua, para todos os teus gostos."
Beatifullllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll
ResponderExcluirBoa tarde! Por um problema no blogger somente hoje consegui ter acesso aos comentários gerados pois muitos não apareciam em minha página, por isso perdoe-me a falta de resposta. Grato Lorena!
Excluir