O vinho
brasileiro deixou de ter espinhas no rosto e gênio indócil e adquiriu, literalmente,
nesta 21ª. Avaliação Nacional de Vinhos safra 2013, a sua maioridade!
A maior avaliação de vinhos do mundo
– que reuniu 850 pessoas para análise técnica de vinhos – apresentou os
resultados da safra 2013 do vinho brasileiro, neste sábado, 28 de setembro nos
pavilhões do Parque de Eventos de Bento Gonçalves. Depois de semanas de
trabalho, especialistas de vários países uniram-se ao público recorde entre
todas as edições para conhecerem, antecipadamente, o que o consumidor irá
encontrar desarrolhando as garrafas neste ano e atribuírem as suas percepções aos
vinhos apresentados.
Mesmo com a safra de vinhos deste ano
não sendo uniforme em todo o Brasil por conta das diferenças climáticas – o próprio
RS com suas diversas regiões produtoras foi afetado - as 16 amostras de vinhos
selecionadas entre os 30% mais representativos desta safra se apresentaram
muito parelhas nas avaliações feitas percebendo notas mínimas de 88 pontos e
máximas de 90 na atribuição dada pela seleção de enólogos. Isso demonstra um
amadurecimento na elaboração de nosso vinho e um belo trabalho dos enólogos
responsáveis em extrair o máximo da safra e levar ao cliente final um produto
de qualidade.
Chamou-me atenção o ótimo Chardonnay
da Góes & Venturini, de Flores da Cunha, um branco vigoroso, com ótimo
aroma (muita fruta branca e mineralidade), com ampla persistência e untuoso em
boca. Foi comentado pelo jornalista e editor alemão Eckhard Supp que atribui a
maior nota entre os vinhos da amostra, com 93 pontos. Também gostei do
excelente Merlot da Bueno Bella Vista Estate, da Região da Campanha, com muita fruta
madura, potente, equilibrado em boca e com taninos salientes.
Também deu origem a
comentários positivos a diversidade de castas elegidas que deram origem aos 16 vinhos
mais representativos. Viu-se entre os tradicionais brancos, um Sauvignon Blanc
e entre os tintos, Malbec, Marselan e Teroldegos. Interessante a ausência de
Pinot Noir e Tannat (este em 2012 muito presente) neste ano, o que pode sugerir
que os vinhos desta safra não tenham impressionado os avaliadores ou então que
tiveram poucas amostras concorrendo.
Luciano Vian, presidente da ABE,
falou sobre o esforço dedicado feito pela enólogos para surpreender o
consumidor a cada safra apresentados na Avaliação: “Os vinhos que estarão no
mercado nos próximos anos já despontam na Avaliação”. Também frisou em seu
discurso de abertura as dificuldades enfrentadas pelas vinícolas como a alta carga
de impostos, o aumento de custos e adequação a legislação.
Luciano Vian, presidente da ABE |
Irineu Fernando Guarnier Filho e o chileno Mario Geisse receberam o Troféu Vitis 2013, na categoria Amigo do Vinho e Enológico, respectivamente, por suas contribuições - um focado na imprensa e outro na elaboração - ao setor vitivinicola brasileiro. Ao final do evento todos foram surpreendidos com o show de Renato Borghetti.
850 avaliadores na edição 2013 - um recorde (foto: Gilmar Gomes) |
Mais uma vez a grandiosidade foi a
palavra que resumiu o evento em 2013, pois além do recorde de público, foi
marcada pela excelência dos vinhos degustados, pelo alto nível da mesa de
comentaristas de diversas partes do mundo e pela ótima expectativa com relação
ao produto final envasado nesta safra.
Categoria: Vinho Base Para Espumante
1. Vinho Base Espumante –
Chardonnay – Casa Valduga
2. Vinho Base Espumante –
Riesling Itálico / Chardonnay / Pinot Noir – Chandon do Brasil3. Vinho Base Espumante - Pinot Noir – Vinícola Geisse
Categoria: Branco Fino Seco Não Aromático
4. Riesling Itálico – Cooperativa
Vinícola Aurora
5. Chardonnay – Cooperativa
Vinícola Nova Aliança6. Chardonnay – Luiz Argenta Vinhos Finos
7. Chardonnay – Vinícola Góes e Venturini
Categoria: Branco Fino Seco Aromático
8. Sauvignon Blanc – Vinícola
Miolo
Categoria: Tinto Fino Seco Jovem
9. Cabernet Franc –
Vinícola Salton
Categoria: Tinto Fino Seco
10. Teroldego – Vinícola Monte Rosário – Vinhos Rotava
11. Teroldego – Vinícola Don Guerino
12. Merlot – Vinícola Perini
13. Merlot - Bueno Bellavista Estate
14. Malbec – Vinícola Almaúnica
15. Marselan – Vinícola Dom Cândido
16. Cabernet Sauvignon – Rasip Agropastoril
Rapidinhas dos corredores:
> Eumar Viapiana esta
entusiasmado com a Copa no Mundo no Brasil e com a visibilidade que o vinho
brasileiro terá.
> Joarez Valduga da Aprovale
comentou sobre a importância do projeto do vinho coletivo do Vale dos Vinhedos
trazendo valor agregado e imagem única do Vale.> O Vale dos Vinhedos passou a ser o segundo polo turístico do RS.
> Os ingressos para a ANV deste ano se esgotaram em apenas 2 horas.
> Em 2013 o vinho brasileiro ganhou 3 mil prêmios internacionais mostrando a ascensão do vinho nacional nos mercados interno e externo.
A Avaliação:
A Avaliação Nacional de Vinhos
– Safra 2013, é organizada pela ABE – Associação Brasileira de Enologia – e
neste ano, 309 amostras de vinhos de 6 estados diferentes foram encaminhadas
aos avaliadores – um plantel de 120 enólogos brasileiros - que escolheram os
30% representativos da safra. As impressões da safra 2013 das 16 principais
amostras foram compartilhadas por um
público de mais de oitocentos avaliadores, enólogos, amantes do vinho,
jornalistas e por especialistas de vários países, entre os quais Alemanha,
Austrália, Canadá, Chile e Itália. Os vinhos foram selecionados entre os 30%
representativos da safra, ou seja, 93 das 309 amostras. Depois de cada amostra
degustada, cada participante deu a sua nota e assinalou seus comentários na
ficha de degustação com - logo em seguida - o comentário do vinho por um dos 16
especialistas. O resultado refletiu a análise feita pelo corpo de enólogos, que
degustaram as amostras durante o mês de agosto, no Laboratório de Análise
Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, instituição responsável pela coordenação
técnica do evento.
Da avaliação de seleção:
Os vinhos foram avaliados em 8
sessões, entre os dias 20 a 29 de agosto de 2013, no Laboratório de Análise
Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, sempre às 9:30 h. Participaram da avaliação
120 enólogos, todos com experiência em degustação, divididos em 8 grupos (2
sessões/ grupo), com cerca de 15 degustadores/cada sessão. As amostras foram
degustadas às cegas, informando-se aos degustadores somente a categoria (grupo)
do vinho – sem mencionar o nome da variedade.
Diariamente eram degustadas, aproximadamente, 23 amostras por
grupo. Foi empregada a ficha da O.I.V e
União Internacional dos Enólogos, a qual atribui notas em uma escala de 0 a 100
pontos. Para a composição da nota final foram consideradas um total de 10
variáveis, associadas ao Aspecto (Limpidez, Tonalidade), Olfato (Intensidade,
Nitidez, Qualidade), Paladar (Intensidade, Nitidez, Qualidade, Persistência) e
Avaliação Global. Os vinhos foram servidos nas temperaturas de 10oC (brancos e
base para espumantes), 17oC (tintos). A seleção dos 30% melhores vinhos,
correspondente a cada categoria, foi feita de acordo com a mediana; para
desempate, a média aritmética seguida pelo desvio padrão. Importante salientar
que as notas finais de cada vinho foram obtidas a partir do cálculo de 13 a 15
notas (conforme o grupo), o que atribui uma excelente robustez aos resultados.
Foi empregado o sistema computadorizado de coleta de dados, com processamento e
emissão de relatórios.
115 alunos de Viticultura e Enologia do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e de Enoturismo da Fisul serviram as amostras (foto: Gilmar Gomes) |
Mesa reuniu comentaristas de seis países (foto: Gilmar Gomes) |
Mario Geisse recebeu o Troféu Vittis - categoria Enológico |
Comentaristas nacionais e internacionais teceram elogios a maturidade do vinho brasileiro |
Produtores condecorados entre os 30% mais representativos |
Jornalistas Irineu Fernando Guarnier Filho e Silvia Mascela da Rosa - homenageados com o Troféu Vittis - categoria Amigo do Vinho - ele neste ano, ela em 2012 |
Renato Borghetti Fez o show de encerramento |
Este colunista participou a convite da ABE – Associação Brasileira de
Enologia