terça-feira, 14 de maio de 2013

Emiliana Gê 2003 Reserva Super Premium Orgânico


O nome do vinho pronuncia-se como Gê. O projeto de vinhos orgânicos da Santa Emiliana tem como enólogo principal o grande Álvaro Espinoza - Undurraga, Antiyal, Château Margaux, Moët & Chandon, Viña Carmen entre outras referências. Talvez, refletindo sobre as difíceis escolhas durante as minhas recém-férias, o melhor vinho que eu tenha bebido tenha sido o Emiliana Gê 2003 Reserva Super Premium Orgânico, cuja história e contexto foram marcantes.

Adquiri este vinho em 2005, numa ida ao vizinho Uruguai e um de seus free-shops por engano. Não conhecia o vinho, nunca havia lido nada sobre ele. Pensei em deixar este vinho guardado na adega para alguma ocasião ímpar. Uns dois anos depois num bate-papo com um amigo ele comentou sobre um tal vinho orgânico e biodinâmico, fabricado no Chile, detentor de altíssimas pontuações na crítica especializada… O tal vinho era o Emiliana Gê! Aí comecei a ler sobre o mesmo onde percebi que a Safra 2003 havia disparado em valores e como tinha sido engarrafado um número limitado de garrafas as que tinham no mercado ainda encareceram (hoje se adquire em torno de R$ 450,00 a garrafa).

Bom o fato é que ainda assim aguardei um momento único para abertura deste assemblage chileno – que na sua safra referida juntava 55% de Syrah, 15% Cabernet Sauvignon, 15% Carmenére e 15% Merlot – o que veio a ocorrer em junho do ano passado, na noite do dia em que eu e minha mulher Aline descobrimos que seríamos papais! Com todo o cuidado que a ocasião merecia abri o excelentíssimo e o deixei cerca de hora e meia no decanter. Servi-o na taça e por bons segundos fitei-o, pois ali poderia estar concentrado o sucesso ou o fracasso de minha expectativa de quase 5 anos na guarda do mesmo. No nariz uma explosão de aromas me empolgou dando vistas que uma boa surpresa se revelaria. Notas de cassis, frutas vermelhas maduras, café e chocolate, excelente persistência de aroma, cor rubi magnífica e lágrimas chorosas, quase tristes por tê-lo tirado daquela pesada garrafa por onde se alojou por vários anos. E sem qualquer vestígio de idade na coloração, nenhum reflexo alaranjado sequer, ou seja, um vinho de boa perspectiva de guarda, mas abortada ali, naquele contexto de um futuro nascimento. Seus 15% de álcool passaram desapercebidos e o que sentia era um vinho direto, marcante, com uma jovialidade presente mas muito complexo nos aromas. Poderoso e de forte personalidade. Na boca um vinho esplêndido, elegante, taninos macios, com muita estrutura e complexidade, agradabilíssimo de beber. Realmente, superou e muito a expectativa criada, e elenco-o como um dos 3 melhores vinhos que já bebi, e com o contexto que envolveu a sua abertura então.



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