Comer
diariamente pratos diferentes e sob outra cultura pode despertar uma vontade
inverossímil de voltar ao básico!
O Mathias é um amigo de infância,
criado nos campos de futebol do interior de Lajeado que, depois,
profissionalizou-se e chegou a elite do futebol gaúcho, sendo vendido ao
futebol sueco, para o IK Värnamo, representante da cidade homônima na terceira
divisão daquele futebol escandinavo. Quando lá chegou, demorou a acostumar-se
com o frio, a neve e os costumes diferentes afinal, estava num país totalmente
distinto do Brasil.
Dono de um futebol eficiente e vigoroso, logo tornou-se
conhecido pela cidade, até mesmo porque se destacava naquele universo de loiros
de olhos azulados, pois era negro, alto e atlético, figura que chamava
prontamente a atenção por onde passava, principalmente do público feminino,
pois para aquele povo ele era quase exótico. Muito focado, no início,
peregrinava do estádio para o hotel e vice-versa, alternando apenas quando
havia concentração e viagens para os jogos.
Depois de alguns dias, durante um
final de semana de folga, resolveu sair curtir a noite junto com um argentino
seu colega de time, numa naquelas baladas nórdicas. E, por lá, o “exotiska”,
como o povo de lá o chamava, acabou se envolvendo com uma sueca escultural,
loira, olhos verdes claros, pelinhos dourados assim como a sua pele, seios
voluptuosos e alta - quem sabe acima de um metro e oitenta - dezenove aninhos,
lábios suculentos e dentes brancos como a neve.
Após alguns goles de destilado
e muita música eletrônica, a jovem bárbara convidou-o para ir a sua casa passar
o resto da noite, aquecidos sob o cobertor de pele de rena. E o Mathias foi-se,
um pouco relutante afinal, como bom zagueiro que era. Ao acordar no outro dia e
dirigir-se ao banheiro no corredor, deparou-se com um senhor, de toalha em
punho secando os cabelos, que cordialmente o cumprimentou. Surpreso, regressou
ao quarto e não vendo mais a sua nova amiga, vestiu-se e desceu às pressas a
escada quando foi surpreendido mais uma vez: em volta da mesa na varanda, um
casal um pouco mais velho, um menino e a sueca tomavam café, descontraidamente.
Estático, quase não ouviu o convite para sentar-se, mas foi.
Tomou café com os
pais e o irmão; a loira escultural vestida somente com babydol, preparou-lhe um
belo smörgås (fatia de pão,
guarnecida com queijo e fiambre); a família deu risadas; ele recebeu um beijo
na porta e partiu direto para a concentração. Estupefato comentou com os
colegas do clube e soube que aquilo tudo era costume no lugar – a mulher
perfeita, o estranho dormindo na casa, o café com a família no dia seguinte – e
que mais coisas ele descobriria com a vivência.
Duas semanas mais tarde, nova
folga e a balada parecia o programa mais convidativo. Foi-se! Novamente uma
sueca escultural – mais bela que a primeira – aproximou-se, embebedou-o,
seduziu-o e levou-o para a sua casa. Após uma noite caliente - mesmo com a
temperatura lá fora beirando vinte graus negativo - ao amanhecer, sentiu um
outro corpo se permeando entre o dele e o da deusa loira, era a irmã dela,
ainda mais espetacular que a primeira e esta segunda suecas juntas, um tributo
a beleza feminina, nua em pelos e sedenta por um encontro carnal. Eis que teve
que ir para o segundo tempo da partida com este outro adversário fazendo uma
marcação corpo-a-corpo, num jogo desigual de duas suecas contra um pobre atleta
provinciano.
Jogo encerrado, desceu o Mathias, acomodou-se sonolento à mesa, de
um lado o pai, do outro dois meninos gêmeos e a sua frente as divas loiras.
Chegou a mãe, em poucas vestes deixando à mostra muitas partes da fábrica que
deu origem aquelas nórdicas - e olha...Que fábrica! – serviu-o de café e, num
rampante, deu-lhe um estalado beijo na boca. Desconcertado o rapaz empurrou a
cadeira, deu um pulo, saiu correndo da casa, do clube e da Suécia.
Aquilo tudo
era muito diferente para ele!
Voltou ao Brasil, afinal de contas, provar um
prato de alta gastronomia internacional vez em quando até que podia ser bom,
mas para o Mathias, rapaz de princípios, nada substituía um bom arroz e feijão
tradicional!
E tradicional como o Mathias,
é a receita própria para a data que se aproxima, o Bacalhau de Natal!
Ingredientes:
(para
4 pessoas)
600 g de lombo de bacalhau
dessalgado e escorrido
Dois dentes de alho picadinhoUma cebola picadinha
Salsinha picadinha
Três ovos mexidos
Três colheres de maionese
Vagens verdes
Meia xícara de azeite de oliva extra virgem
Uma xícara e meia de leite
Preparo:
Coloque o bacalhau no leite
por cerca de uma hora. Misture com os ovos todos os demais ingredientes menos
as vagens e o oliva. Escorra o bacalhau e salteie em fogo alto em parte do azeite.
Coloque um fio de azeite em um refratário e leve ao forno aquecido a 200 graus
por dez minutos. Retire, cubra com a mistura e leve novamente ao forno por mais
dez minutos. Neste meio tempo, aqueça azeite de oliva numa frigideira, tempere
as vagens com sal e pimenta e em fogo alto salteie as mesmas até murcharem
levemente. Sirva as vagens e sobre elas o bacalhau.
Meus parabéns Chef Haas, estou encantada com seu Blog (bom gosto acima de tudo) e também quero agradecer pelas receitas maravilhosas - já fiz o palmito assado na grelha, ficou sublime! Aproveito para desejar um Feliz Natal e um Ano Novo de muitas realizações - que Deus o abençoe com muita saúde e criatividade para novas criações.Um grande abraço,_________________LL
ResponderExcluirObrigado pelas palavras Luciah López! É uma satisfação receber retornos como o seu! Feliz Natal e maravilhoso 2013 para vc e família!
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