O
Zé Alfredo sempre teve fama de mulherengo. Tinha uns quarenta e poucos
anos, não trabalhava, morava com a mãe viúva, andava num Escort conversível bem surrado e
adorava um barzinho. Era aquele tipo com corrente de bijouteria no pescoço, relógio de origem duvidosa e camisa estampada que fazia jus ao enorme bigode que acomodava abaixo do nariz.
E era nestes barzinhos que ele se dava bem, amparando belas e
carentes mulheres usando de seu charme tosco e caricato. Muitas caíam na sua lábia carregada de gíria suburbana, se
entregavam aos braços do conquistador imaginando ser o homem de suas vidas. Mas
o Zé buscava somente mais uma aventura, mais um nome para a lista pendurada junto ao
espelhinho de barbear, cuja face refletida ele ficava encarando e meticulosamente aprimorando
seu palavreado de alcova. Depois de se aproveitar, abandonava as pobres moças sem deixar sequer um número de celular - mesmo falso - e sem olhar para trás.
Mas um dia desses o Zé conheceu a Glorinha, uma mulher atraente, bem sucedida
na carreira, que curtia muito a vida e no alto de sua falada solteirice liquidava com
os homens, os quais seduzia e depois os tratava como objetos, como brinquedos
ultrapassados e com pilha vencida. Diziam em uníssono que a forma que ela encontrava para
terminar os seus relacionamentos era preparando uma receita na cozinha ultra
moderna de sua cobertura triplex e vista para o mar. E ela literalmente fisgou o coração do pobre mas traquineiro Zé que "miava" atrás dela, fazendo suas vontades, massageando o dedo mindinho de seus
pés e cortando os pelinhos de suas orelhas.
Até que chegou o dia em que ela o
convidou para jantar no seu apê. O vivaldino suava frio, mas não acreditava que o seu
então romance três por quatro pudesse se encerrar ali, entre o fogão e o sugador. E a Glorinha anunciou o prato, uma receita de Camarão Thai. O Zé enredou, enredou mas finalmente comeu e antes mesmo de a
sobremesa ser servida ele já havia tomado um pé e estava no elevador, descendo
ao térreo, com os olhos mareados e ombros caídos, pois ele também havia virado parte das "estatísticas" da Glorinha. Mas ao mesmo tempo carregava consigo um sorriso no rosto, faceiro e desapegado, pois fora o melhor
camarão que ele já havia provado...
E
lá se foi ele, o Zé, camisa semi-aberta, braço para fora e cantando pneu em seu Escort conversível, gritando aos quatro ventos: "Que mulher esta Glorinha! Quase uma perfeição! Que comida, que comida...".
A seguir a tal receita do
Camarão Thai.
Ingredientes:
(para 4 pessoas)
500g de espaguete fino
400g de camarão grandeMeia manga pequena ralada
Um pimentão vermelho pequeno fatiado
Uma cebola picada
Um dente de alho picado
Uma colher de chá de gengibre fresco ralado
100ml de leite de côco
Duas colheres de sopa de manteiga
Endro seco
Pimenta vermelha moída
Sal à gosto
Preparo:
Coloque
o espaguete para cozinhar. Numa panela (preferencialmente uma wok) aqueça a manteiga
e junte o alho, o gengibre, o pimentão e a cebola. Deixe fritar e em seguida
junte o camarão e a seguir a manga ralada. Tempere com sal e pimenta. Em fogo
médio frite até o camarão ficar rosado (cerca de 5 minutos). Adicione o leite
de côco e o endro. Corrija o tempero. Escorra a massa e misture neste
preparado. Sirva em seguida decorado com folhas de hortelã.
Boa tarde! Não consigo encontrar o endro, você poderia me indicar um lugar para comprar?
ResponderExcluirCleber, endro e dill é a mesma coisa. Pode ser encontrado fresco ou desidratado, em supermercados ou feiras.
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