Neste 20 de setembro, dia mundial do gaúcho, uma bela
receita provinciana!
Hoje festeja-se no Rio Grande
do Sul a Revolução Farroupilha, eclodida na noite de 19 de setembro de 1835,
quando Bento Gonçalves da Silva avançou com cerca de 200 "farrapos"
(ala dos exaltados, que queriam províncias mais autônomas, unidas por uma
república mais flexível) sobre a capital Porto Alegre, na época com cerca de 14
mil habitantes.
A revolta deveu-se em
função dos elevados impostos cobrados no local de venda (normalmente outros
Estados) sobre itens (animais, couro, charque e trigo) produzidos nas estâncias
do Estado. Charqueadores e estancieiros reclamavam, ainda, de outros impostos:
sobre o sal importado e sobre a propriedade da terra. Fora da capital, os
farroupilhas passaram a ter expressivos êxitos. Na batalha do Seival (que fica
no atual município de Candiota), o general Antônio de Souza Netto impôs
fragorosa derrota ao legalista João da Silva Tavares. No dia seguinte, em
11/09/1836, Netto proclamou a República Riograndense, com sede em Piratini.
A
revolução durou quase 10 anos, sem vencedor e vencido. O tratado de paz foi
assinado em Ponche Verde, pelo barão Duque de Caxias e o general Davi
Canabarro, em 28/02/1845. Desde aqueles tempos onde o vento minuano atravessava
o Rio Grande do Sul no inverno, tão forte capaz de congelar os pampas
castigando os gaúchos, somente uma alimentação rica em calorias, repletas de
carnes gordas, carreteiros bem fortes e sopas quentes, davam ânimo para
enfrentar um frio tão intenso. Neste rol – naquela época e até hoje - o líder
na preferência é o churrasco, seguido do arroz de carreteiro, do feijão mexido,
do quibebe, do espinhaço de ovelha, do charque com mandioca, da couve refogada,
do arroz com galinha e do puchero. Assim, segue abaixo a tradicional receita do
Carreteiro de Charque.
Ingredientes:
(para 4 pessoas)
400g de charque
4 colheres (sopa) de óleo 4 dentes de alho picados
1 cebola grande picada
4 tomates picados
2 pimentões vermelhos picados
350g de arroz
Sal e pimenta do reino à gosto
Leve ao fogo uma panela com
água até ferver. Adicione a carne e deixe por meia hora para dessalgar. Retire
do fogo, escorra a água e corte a carne em pedaços pequenos. Em uma panela,
aqueça o óleo, junte a carne, o alho, a cebola, o tomate e o pimentão. Deixe
cozinhar por cerca de 10 minutos, mexendo de vez em quando. Em seguida, junte o
arroz, um pouco de água fervente e deixe cozinhar por 15 a 20 minutos. Adicione
sal, se necessário e pimenta.
Antigamente, o atual
território do Rio Grande do Sul era habitado pelos índios, os guaranis, que
viviam da caça e da pesca. Como tentativa de retirar os índios da mata para
poder catequizá-los, os jesuítas introduziram o gado. Os índios passaram então
a tomar conta do rebanho, que era criado solto, e comer sua carne e em troca
aprendiam com os jesuítas a cultura européia e construíam casas, surgiram assim
as Missões. Com a entrada dos tropeiros de São Paulo e Minas Gerais no Sul, os
índios foram caçados e levados como escravos e os jesuítas voltaram para a
Europa. O gado, como era criado solto, continuou a se reproduzir e se espalhar
pelo sul do continente. Quando os tropeiros voltaram para o Rio Grande do Sul
havia milhares desses animais, o gado selvagem. Começaram, então, a matá-los
para extrair-lhes o couro cru, que era levado e vendido nos outros Estados.
Para conservarem a carne que sobrava e a usarem como alimento em suas longas
viagens, os tropeiros começaram a conservá-la rolando-a em sal grosso para
desidratá-la, surgindo assim, o charque.
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