domingo, 8 de julho de 2012

Vinhos uruguaios - degustação às cegas da Confraria do Sagu



No último dia 4 de julho ocorreu mais uma reunião da Confraria do Sagú, de Santa Cruz do Sul, especializada na degustação e avaliação de vinhos, desta vez inspirada pelo Festival homônimo realizado em Montevidéu - Tannat y Cordero. Foram avaliados "às cegas" os seguintes rótulos uruguaios:






Varela Zarranz Guidaí Detí 2004 
Osiris Merlot 2006 Antígua Bodega Stagnari
Pisano RPF Petit Verdot 2007
Bouza Monte Vide Eu 2009 
Bouza Tannat Sin Barrica 2011 
Pizzorno Don Próspero Tannat 2011 Maceración Carbônica 




Como entrada bebemos um Bouza Albarinho 2011 e na finalização o Licor de Tannat Toscanini Rendibú além de um espumante Casa Valduga 130 Anos.
Tais exemplares foram acompanhados pelo assado de cordeiro preparado pelo maestro das grelhas, o confrade Rodrigo Ardenghi.

Na avaliação feita, houve um empate na escolha do “vinho da noite” o Varela Zarranz Guidaí Detí 2004 e o Osíris Merlot 2006 empataram com quatro votos cada, seguido do Bouza Monte Vide Eu 2009 e do Don Próspero Tannat  Maceración Carbônica 2011 com um voto cada. O vinho surpreendente da noite foi este último citado, pois foi elogiadíssimo pelos confrades.


Segue um aparado das avaliações e comentários coletados entre os degustadores e via web:




Bouza Albariño 2011

100% Albarinho ( ou Alvarinho)
Álcool 13,8%

Color amarillo acerado. En nariz se presenta con fruta intensa, banana, durazno, anana. Con importante volumen en boca, se destaca su acidez eqilibrada y un final prolongado. CV y EB, 1/8/2011.Selección manual de uvas. Maceración prefermentativa durante 5 horas a 8ºC. Desfangado a 10ºC. Fermentación 80% en tanque y 20% en barricas de roble francés. Crianza sobre sus borras durante 3 meses. Estabilización natural sin uso de clarificantes.
CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS: Estações bem definidas: verões secos e ensolarados, invernos chuvosos e não muito frios, primaveras e outonos brandos e agradáveis. Forte influência do Oceano Atlântico e do Rio de la Plata, que mitigam as altas temperaturas de verão (máximo de 35°C).
CARACTERÍSTICAS DO SOLO: Solos limosos e argilosos, com alta percentagem de calcário. A topografia é suavemente ondulada, e a drenagem natural é eficiente.
ELABORAÇÃO: Colheita manual das uvas no ponto ótimo de maturação na terceira semana de Fevereiro. Rendimentos de 51 hl/ha. Maceração pré-fermentativa por 5 horas a 8ºC. Débourbage a 10°C. Fermentação em tanques de inox 80% e o restante em barricas de carvalho francês. Amadurecimento sobre as borras. O vinho não sofre nenhuma clarificação e filtração. Engarrafado em Julho de 2011.
AMADURECIMENTO: 3 meses sobre as lias finas em inox.
ESTIMATIVA DE GUARDA: 5 anos
CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS: Coloração palha de média intensidade, cristalina. Mescla no olfato pêssegos maduros, cítricos e frutos tropicais, sobre leve tostado. Textura gordurosa em boca, sápido, com integrado frescor e longo final.

CARTA DE VINHO SINTÉTICA: Mescla no olfato pêssegos maduros, cítricos e frutos tropicais, sobre leve tostado. Texturado, gordo, fresco e com longo final.

DIRETRIZES ENOGASTRONÔMICAS: Brandade de bacalhau; Gratin de queues d’ecrevisses (Calda de lagostins gratinados); Moqueca baiana; Carré de tambaqui envelopado com bacon e grelhado na brasa.

TEMPERATURA DE SERVIÇO: 10-12°C


Don Próspero Tannat Maceração Carbônica 2011

Tannat 100%
Álcool 13%


A maceração carbônica é uma técnica no processo de vinificação, que envolve a fermentação das uvas em uma atmosfera de dióxido de carbono antes de ser esmagadas. Desta forma, as uvas fermentam por dentro para obter vinhos com sabores mais frutados e menor teor de tanino. O Don Próspero Tannat Maceração Carbônica, o vinho ideal para aqueles que não gostam da Tannat pelo encorpado ou pela adstringência de seus taninos. O produto é um vinho muito fresco, que é preciso beber o mais cedo possível, antes de um ou dois anos. Não é um vinho para envelhecer.
"Este é um vinho muito leve, com pouco corpo, mas com a abundância de fruta, que não é conseguido com um Tannat macerado ou um Tannat concentrado. Este é um vinho leve, sem muita cor, com muita fruta e que pode ser tomado como aperitivo ou em harmonização com sushi. A única condição é que para tomá-lo deve ter uma temperatura de 15 graus", assevera o produtor.
De cor rubi com tons violáceos, o Don Próspero Tannat Maceração Carbônica, tem um grande potencial aromático que lembra de frutas vermelhas e banana. Na boca é equilibrado, harmonioso e suave graças à redução da acidez que faz toda a diferença, já mencionado, com o vinho Tannat feito tradicionalmente.

Bouza Tannat Sin Barrica 2011

100% tannat
Álcool 15,5%


O Bouza Tannat 2011 Sin Barrica, ou seja, um Tannat uruguaio que saiu direto do tanque de inox para a garrafa, sem estagiar em carvalho. De início fiquei receoso sobre o que encontraria, pois uma uva que produz vinhos com muito tanino e alcoólicos sem “amolecer” nas barricas poderia render poucos sorrisos. Mas pelo contrário, por traz destas características escondia-se um bom vinho, diferente em sua pecularidade produtiva. De imediato sua cor rubi escura e turva chama atenção. As lágrimas espessas e lentas abrem-se no aroma de fruta vermelha e negra, ameixa e cereja em destaque, herbáceo algo floral. Em boca mostra-se equilibrado, quente – pois não poderia ser diferente frente aos 15,5% de álcool que apresenta - ótimo corpo e estrutura. E com os taninos absolutamente domesticados! Creio que mais dois anos na garrafa deva melhorar ainda mais este uruguaio. Ideal ser bebido na temperatura de 18°C. Harmoniza bem com carnes vermelhas braseadas ou na panela, massas com molhos fortes e alguns queijos maduros.


Osiris Merlot Reserva 2006

100% merlot
Álcool 13,5%


De cor rubi brilhante e reflexos violáceos, límpido e de lágrimas chorosas em taça, apresentou aromas elegantes e complexos, muito particulares da casta merlot cultivada naquele país, com muita fruta vermelha como cereja, amora, framboesa mais ameixas e tutti-frutti e ainda aromas de café, chocolate, defumado e baunilha proveniente da passagem por barricas novas de carvalho americano com graduações de tostado diferentes por cerca de 15 meses.
Em boca apresentou taninos suaves e macios, com ótimo final e retrogosto semelhante aos aromas, com final longo e persistente. Vinho fácil de beber, médio corpo, estruturado, sem percalços ou correções, um merlot de essência, um grande vinho.

Vai muito bem como carreira solo, sem acompanhamentos, mas também forma par com carnes vermelhas assadas e ao forno, risotos e massas e queijos de média cura.


Pisano RPF Petit Verdot 2007

100% petit verdot
Álcool 14%


O 2007 está no auge, cor rubi intensa e reflexos violáceos, aromas de frutos negros maduros evoluindo para uma geléia de amora, mas antes passando por especiarias, pimenta do reino, herbáceo, carne e balsâmico. Na boca está redondo! Envolvente e de personalidade. Carga tânica elevada, mas fina e prazerosa, acidez em alta, bom corpo, retrogosto confirmando a geléia de frutas negras. Boa persistência! 
Pede uma parrilla de carré de cordeiro, bem temperada com ervas e pimenta, bife de ancho. 


Guidaí Detí Gran Reserva 2004

Tannat (55%), Cabernet Sauvignon (25%) e Cabernet Franc (20%)
Álcool 13%

Amadurece 14 meses em barricas americanas e francesas e mais 12 meses na garrafa antes de sua liberação. Vinho top da bodega. Exuberante performance aromática com frutas negras, licor de cassis e toques defumados. Tudo isso foi confirmada na taça, onde exibiu taninos finos,  muita maciez e acidez gastronômica. Madeira integrada possibilitando a livre expressão da fruta. Potente e elegante. Profundo, intenso e de longa persistência no palato. 

Bouza Monte Vide Eu 2009

55% Tannat, 25% Merlot E 20% Tempranillo
Álcool 13,8%


A Bouza Bodega Boutique é uma vinícola de encher os olhos, coladinha a Montevidéu, em Melilla. É produtora de vinhos esplendorosos, entre os quais o seu ícone, o Monte Vide Eu 2010, um blend com seleção manual das uvas que leva  50% de Tannat, 20% de Tempranillo e 30% de Merlot. O vinho apresentou cor rubi profunda com halo violáceo, bastante brilhante e com lágrimas densas e lentas. Ao abrir aromas defumados e tostados servem de fundo a cereja, algo herbáceo e toque de frutas negras como ameixas e cassis. Percebeu-se também alcaçuz e violetas. Na boca a composição mostra-se acertada com a tempranillo segurando a tanicidade do tannat. É equilibrado, complexo, acidez e madeira perfeitamente integrados a fruta. Corpo médio alto e bastante persistente. Cada varietal passa entre 10 e 16 meses em estágio em barricas de carvalho francês e americano. Possui estimativa de guarda de 10 anos. Um vinho irretocável!  Acompanha bem cortes de cordeiro e boi assados, algumas carnes de panela, massas condimentadas e mesmo pães e patês finos.

Licor de Tannat Toscanini Rendibú 2009

100% tannat
Álcool 15,4%

O licor é fabricado pela Bodega Toscanini a partir de uvas tannat bem concentradas e seguindo os processos de elaboração dos Vinhos do Porto. É um vinho que mantém grande parte dos açúcares naturais da uva e é amadurecido em barricas de carvalho americano por 15 meses. Pode ser harmonizado com diversos creme de chocolate com frutas, flan de chocalate, gelatina de café. Cor: violeta muito intensa; Nariz: aromas de cereja, café, chocolate, frutas negras e vermelhas (“tuti-fruti”) e toque evidente de madeira que evidencia a sua passagem pelo carvalho; Boca: persistência longa, potente porém muito equilibrado. Redondo e final de boca com tabaco e cerejas. Com mais um “tempinho na garrafa”, deve ficar melhor ainda!

Degustação revelada

Assado de cordeiro

Os vinhos

A sobremesa com doce de leite uruguaio

Os confrades presentes na noite

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