Durante as regravações do filme o Tempo e o Vento na
campanha gaúcha, o gourmet conta seu casual encontro com a musa global
Numa de minhas investidas ao Uruguai acabei dedicando algumas horas as
compras em Rivera em suas dezenas de freeshops. Em um deles estava eu olhando
alguns perfumes quando percebi uma desatenção da atendente uruguaia que
auxiliava-me na escolha do que levar.
Logo em seguida percebi, ao meu lado, na
distância de um braço, uma mulher de longos cabelos pretos muito escuros e
lisos, regata e calça jeans igualmente preta, erguendo-se altiva sobre uma
sandália bege de quase um palmo de salto. Em seu entorno um brutamontes
cercava-a dando pinta de ser um segurança.
Vagarosamente dei um pequeno paço
para trás e reparei que a moça era muito bem balanceada de corpo. Novamente um
passo à frente e percebo que abaixo do enorme óculos de sol apresenta-se uma
boca de parar cortejo presidencial, portentora de lábios grossos e carnudos,
descompromissadamente maquilados de batom vermelho sangue. Sim, era ela, a nova
Ana Terra, a Cléo Pires!
Após pequeno período sem ao menos respirar fui aos
poucos retornando a quase normalidade. Não havia como não perceber que a mesma,
mesmo com muita discrição, estava entusiasmada provando um novo perfume da
Empório Armani. Não contive-me e arrisquei uma proximidade: - Gostastes??? A
diva calmamente acomodou o perfume no balcão, virou-se para mim, subiu os
óculos escuros para a cabeça, fitou-me, ensaiou um sorriso com os lábios e
respondeu-me: - Muuuito!
Pois bem, foi o sinal para encaixar um início de
bate-papo! – Imaginei que tu fostes provar um Channel..., disse. – É que não
gosto de dormir só com uma gotinha de perfume!!- ela respondeu-me seguida de
uma estridente gargalhada. E engatamos uma conversa interrompida apenas entre
uma e outra prova de perfume. Por recomendação da musa que disse “adorar”
trouxe um Bulgari Black. Dali fomos
para a seção dos ingredientes culinários e vinhos, os quais - diferentemente
dos perfumes e cosméticos - tenho um pouco mais de conhecimento.
Ai quem
perguntou sobre alguma dica foi a Cléo: - Entre malbec e pinot noir, o que devo
levar? – Gostas de pegada forte, boca quente, estrutura e corpo equilibrado?,
perguntei debruçado sobre uma estante, com voz arrastada e monocórdia. – Sim! Meu namorado adora este tipo de
vinho!!!, respondeu-me. Com um sentimento vingativo e tomado repentinamente de
um perigoso ranço, recomendei: - Leve um gamay... Ele vai a-d-o-r-a-r!!! Quem
me conhece sabe o quanto odeio esta casta.
Alertei-a sobre o horário e de um
compromisso fajuto que tinha e parti, sem rumo, mas não antes de arrancar uma
bicota da moça sob o olhar franzido do segurança. Com um ar maquiavélico
estampado no rosto, fui-me, afinal de contas tinha pego a Cléo Pires numa
recomendação errada e digna de por fim num relacionamento, vingando todos os
apreciadores dos lábios carnudos da bela!
Crônica publicada no jornal Gazeta do Sul de hoje.
Bem, o "pegar a Cléo" já é por si só um bom chamado à leitura.
ResponderExcluirSua descrição foi perfeita caro Emerson, pois só o faz quem tem bom gosto e delicadeza com as coisas nobres da vida, - comida, bebida e mulheres -
Me fez relembrar quando jovem, cantadas bem feitas, porém indo por agua a baixo como aconteceu com você.
Espero que o namorado dela tenha experimentado sua indicação, embora você ainda tenha sido muito generoso, eu já indicaria um bom Vinagre Castello! rsrs
Ruy Mellone
Grande amigo Ruy Mellone! Obrigado pelo comentário e carinho! Também espero que o "rapaz" tenha "aprovado" a indicação - kkkkkkk!
ResponderExcluirMuito Bom Emerson! Dei boas risadas...d+
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