quinta-feira, 17 de maio de 2012

Das sobras!



Sou um entusiasta das sobras da cozinha! Meus olhos brilham e a cabeça ferve quando vejo na geladeira ou no compartimento de verduras e legumes restos não aproveitados na preparação de um prato. Tudo é motivo para a criatividade desabrochar estimulando a inovação e o bolso! Restos de alimentos – que não precisa ser pré-preparado, mas sim talos, sementes, ossos, grãos e folhas – podem dar vezes a variados e inúmeros preparos e novas receitas.

Historicamente tradicionais pratos de nossa culinária e da culinária internacional foram criados através de sobras de alimentos. A feijoada, um dos pratos mais famosos de nossa gastronomia tupiniquim, originou-se pelas mãos dos escravos africanos, pois na época da escravidão, os senhores de escravos não comiam as partes menos nobres do porco, como orelhas, rabos ou pés, e davam tais partes aos seus escravos que aproveitavam tudo num misturado com feijão, em panelões de ferro fundido nos braseiros das senzalas.




Os hermanos argentinos e uruguaios exportam para todo o mundo a sua carne excepcional e junto a ele o preparo destas carnes na brasa, sobre a parilla, na qual a parillada preparada pelo gaucho no campo aproveitava as partes desprestigiadas no abate para assá-las somente com sal e saciar a sua fome construída a partir da lida com o gado.    



Já as panquecas – tão conhecidas pelas variadas classes sociais – de origem francesa e muito antiga, pois tem mais de nove mil anos -  e o hábito de comê-las difundiu-se muito rapidamente pela Europa durante a segunda grande guerra, pois era barata, fácil, nutritiva e aceitava todo o tipo de recheio possível, inclusive o de carnes cozidas, vegetais, queijos e doces.

O fondue nem sempre teve o glamour da modernidade, pois é um prato de origem suíça feito à base de queijo ou chocolate foi também criado durante a Segunda Guerra Mundial, em meio ao rigoroso inverno suíço.
Os camponeses que moravam em regiões montanhosas não tinham como buscar mantimentos nas cidades. Assim, começaram a utilizar o queijo (já que eram produtores de leite) como principal ingrediente de uma comida que fosse quente, simples, saborosa e nutritiva. O queijo ficava no fogo e cada camponês mergulhava pedaços de pão dormido no creme de queijo derretido. Ganhou status na década de 50, após o chefe Conrad Egli, de Nova York, o ter criado para servir de sobremesa.



E a paella? Ela surgiu como alimento dos camponeses, nos séculos XV e XVI, quando saíam para o trabalho rural, levando arroz, óleo de oliva e sal, além do recipiente para cozinhar: uma panela redonda com alças, ampla e rasa chamada de "paella". Lá colocavam tudo o que tinham de disponível naquele dia, que poderia ser hortaliças recém colhidas, carnes, frutos do mar, restos de legumes e verduras e caças.


Portanto, não desperdice os restos de alimentos em sua casa – por sinal responsáveis por quase 50% do lixo que recolhemos diariamente – use a imaginação e crie pratos saborosos, pois além de uma terapia você estará poupando o meio ambiente e também o seu orçamento!   

Artigo publicado no jornal Gazeta do Sul de hoje.

2 comentários:

  1. Minha nossa, que coincidência, acabei de postar uma receita de sobras de bacalhau (confira no www.vinhoseviagens.com.br). Vc tem toda razão. òtima matéria. parabéns. abraços, Rodrigo

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