Março foi o mês de aniversário de minha filhota Antonia - seu primeiro aninho - e é normal que, neste período de início de um novo ciclo astral, rememorações venham à tona trazendo de volta muitas lembranças da infância, adolescência e partes da minha vida adulta, entre as quais aquelas que hoje são denominadas “politicamente incorretas”, não pela censura ou proibição, mas sim porque deram muito trabalho ao meu anjo da guarda, que depois acabei concluindo que não se tratava de apenas um, mas sim de um batalhão deles, tamanho o trabalho que dei.
Tais famosas e célebres “artes” que protagonizei foram relembradas pela minha mãe enquanto servia a ambrosia na sobremesa do almoço festivo de comemoração. Teve uma que passei com o Schneider, amigo do ensino fundamental – naquela época primeiro grau - lá no interior de Teutônia. O avô deste meu amigo tinha uma Brasília zerada, que mal saía da garagem, nem chuva pegava. Teve um baile num salão do interior e tivemos a brilhante idéia de irmos de Brasília, mas sem o avô saber. Eis que no caminho, numa daquelas estradas de chão que mal passava um veículo avistamos um farol vindo em nossa direção. “Vamos dar um susto naquele motoqueiro!”, disse com os olhos brilhando o Schneider, recebendo de imediato o meu aval. Desligou os faróis da Brasília e, no escuro, foi ao encontro da tal “moto”. Quando chegamos perto acendemos repentinamente os faróis para tirar um “fininho”, já sem tempo e espaço para desviar de um Fusca que estava com o farol esquerdo queimado e que achávamos ser uma moto. Batemos de frente, ninguém se machucou e o mais difícil foi ver o avô Schneider triste com a situação e o incômodo causado.
Este mesmo amigo, companheiro das empreitadas mais sapecas, era filho de um comerciante do ramo de laticínios que possuia um depósito com várias câmaras frias onde armazenava seus produtos. Num belo e pleno verão, num sábado à tarde, compramos uma melancia e decidimos esfriá-la na câmara fria do depósito que estava vazio. Entramos por uma janela no segundo piso e de posse de uma faca rumamos câmara fria à dentro e, sem querer, a porta fechou, deixando-nos trancados naquele ambiente de 6°C. Imagina, naquela época, lá pela metade-fim da década de 80, sábado, sem ninguém perto e celular nem o Japão possuía... Calmamente esperamos dar uma geladinha na melancia, partimos e comemos até nos empanturrarmos. Depois desmontamos uma caixa de iogurte e com os arames da armação fizemos um gancho o qual abrimos a tranca da porta – depois de quase duas horas presos e batendo queixo de frio – através de um orifício localizado pela lateral da câmara fria!
Eu também tinha uns primos bons de arte com os quais aprontava muito. As cucas da Dona Constância - vizinha de meus tios no interior de Rio Pardo - colocadas para esfriar após saírem do forno serviam de mira para os nossos bodoques feitos com câmara de bicicleta e forquilha de cerejeira polida. A brincadeira acabou quando o Seu Amado, irmão da fazendeira, quebrou a prótese dentária num café da tarde acompanhado de cucas e “bolitas”. Não satisfeitos, preparamos uma armadilha com uma rede de lambari e à tardinha pegamos um morcego, um daqueles grandes e peludos com dentes horrendos. Acomodamos o bicho no guarda-roupas da tia. Quando ela saiu do banho e foi se trocar, quase teve um troço, mas aí, bom, aí eu já tinha ido embora e quem levou a culpa foram os meus primos! Caraca, esta foi uma revelação extra que minha mãe, Dona Amanda, nem saiba e é bem provável que a ambrosia dela agora, acabe ficando como estas histórias, só na minha lembrança!
Segue a receita da Ambrosia:
Ingredientes:
(para 8 pessoas)
1 litro de leite
Meio kg de açúcar
8 ovos inteiros batidos com um garfo
Suco de um limão
Preparo:
Em uma panela grande e em fogo baixo queime o açúcar até adquirir a cor e consistência desejada. Coloque o leite e mexa de vez em quando com uma colher de pau até reduzir. Some os ovos bem batidos, o limão e mexa para formar pequenos grumos, porém não pare de mexer para não grudar no fundo da panela. Retire do fogo, deixe esfriar e sirva.
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