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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Similitudes...
Tenho um amigo, o Doda, que adora comer bolinho de bacalhau. É um guloso em se tratando desta iguaria dalém mar. Na sua profissão - que exige atuação nacional - aproveita os momentos em suas viagens e peregrina por restaurantes e botecos Brasil afora, provando os benditos bolinhos. Procura sempre pelo mesmo preparo: desfiado, com temperinho verde, um pouco de batata e frito em óleo leve. Na degustação, muito azeite de oliva extra virgem, com uma gotinha de pimenta malagueta líquida e, preferencialmente, acompanhado de um gelado e cremoso chope com dois dedos de colarinho! De tanto degustar a iguaria, o Doda acabou virando uma espécie de expert no assunto. Já a sua mulher, a Alicinha, odeia bolinho de bacalhau! Ela prefere uma boa quiche lorraine acompanhada de um prosseco geladíssimo, isto sim é alimento e bebida para uma mulher como ela, ainda esbelta e deslumbrante mesmo já debutando uma das filhas, praticante de academia, de pernas roliças e panturrilhas tão duras quanto uma tora de cedro. Em uma de suas últimas idas ao Rio de Janeiro, o Doda recebeu uma notícia via email endereçado por um amigo afirmando que a Alicinha o estava traindo! Sim, a sua amada esposa a qual ele deixava por vezes semanas sozinha em casa (!) enquanto desbravava o país adentro a trabalho. O amigo não disse com quem e nem onde, muito menos quantas vezes e há quanto tempo ela amassava os lençóis com outrem. Nocauteado como o Vitor Belfort após o chute do Anderson Silva, o Doda arrastou-se pelos ringues da noite resvalando em suas próprias lágrimas, tomado de ódio, decepção e culpa. Queria vingança! E a primeira ação que lhe veio a cabeça foi se vingar naquilo que sua mulher mais odiava: comendo os malditos bolinhos de bacalhau!
Visitou um dos seus botecos preferidos, dos mais tradicionais da cidade maravilhosa e pediu quatro porções do quitute! Quatro porções.!!! Na demora de seu pedido, depois de vários chopes, desesperado, ele invadiu a cozinha e deparou-se com o inusitado: duas senhoras calmamente preparando os bolinhos, desfiando um enorme pedaço de - pasmem - cação! Sim, o melhor bolinho de bacalhau que ele conhecia, o campeão dos campeões, era preparado com cação. E foi ali, naquele instante, que o Doda resolveu perdoar a sua esposa e se deu conta de uma verdade que carrega até hoje: o outro lado das coisas gostosas da vida, nem sempre precisa ser revelado!
A seguir o Bolinho de Bacalhau legítimo!) do Doda.
Ingredientes:
300g de bacalhau dessalgado e desfiado
200g de batatas cozidas e bem esmagadas
2 claras de ovo
Um dente de alho picadinho
Uma colher de sopa de azeite de oliva
Meia xícara de salsinha e cebolinha verde picada
Sal e pimenta do reino moída na hora à gosto
Óleo para fritar
Preparo:
Em uma frigideira aqueça o azeite de oliva e refogue o alho. Em seguida passe o bacalhau em fogo alto, para salteá-lo rapidamente. Escorra e coloque em uma tigela. Bata as claras em neve e misture com os demais ingredientes na tigela. Com uma colher de sopa, pegue porções da massa criada e frite em óleo quente até dourar e depois escorra em papel toalha. Sirva acompanhado de pimenta líquida e azeite de oliva.
Você sabia?
Existem 5 variedades de bacalhau salgado e seco no mercado nacional: Cod Gadus Morhua, Cod Gadus Macrocephalus, Saithe, Ling e Zarbo. O Cod Gadus Morhua é o legítimo bacalhau. É originário do Atlântico Norte e considerado o mais nobre tipo de bacalhau. Tem coloração palha e uniforme quando salgado e seco; quando preparado suas lascas são claras, firmes e grandes, com sabor próprio. Esta é a variedade mais utilizada na alta gastronomia. Já o Macrocephalus ou Bacalhau do Pacífico, é parecido com o Morhua, apenas sua origem é o Pacífico Norte. Difere-se basicamente no desenho do rabo e das barbatanas e sua coloração é mais clara que o Morhua. Já a variedade Saithe tem carne mais escura e sabor mais forte. É o tipo mais importado atualmente. Muito utilizado para bolinhos, tortas, saladas e ensopados. O Ling é bem claro e mais estreito que os demais. Tem um bom corte e é muito apreciado no Brasil. Sua carne é clara, bonita e muito boa para grelhar. E por fim o Zarbo é um peixe pequeno e claro e tem muito boa rentabilidade no custo-benefício.
Fonte: www.bacalhau.com.br
Artigo publicado no Jornal Gazeta do Sul em 10 de março de 2011.
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