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quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Perfeição!
Quando eu era mais jovem – o que não faz tanto tempo assim, convenhamos! – vivia envolto com várias namoradas, nem sempre em relações academicamente monogâmicas, afinal de contas, a ordem era aproveitar e ser feliz. Pois bem, foi naquela época que conheci a Mel, uma belíssima namoradinha aportada em minha vida pelo destino. A Mel foi paixão a primeira vista: ela me viu - eu a vi - e a sintonia do olhar ajustou-se de imediato.
Era detentora de um longo cabelo loiro e mexas castanhas, dona de uma boca voluptuosa que exibia um largo sorriso estampado em muitas sessões ortodônticas. Seu corpo curvilíneo estava abraçado por um curto vestido branco que deixava a mostra boa parte de suas pernas longas e esguias. Acabamos nos conhecendo naquela noite e, em poucas semanas, eu já estava freqüentando a casa dela. Num belo almoço de domingo na casa do então sogro, enquanto virava os espetos levados a churrasqueira, refleti sobre algo perturbador: a Mel era bonita, inteligente, estudante de direito laureada nas notas, filha de boa família, charmosa, financeiramente estável e estava completamente apaixonada por mim! Uma perfeição! Não podia ser verdade! Percebi, ali, enquanto cortava um pedaço de maminha, que não iria suportar alguém tão deveras perfeita vivendo todos os dias da minha vida ao meu lado! Pensei muito nisso alguns dias e decidi desaparecer de sua vida sem dar notícias ou explicações. Sumi!
Passado alguns anos, a reencontrei - por força do destino - ainda mais altiva do que quando nos conhecemos. De imediato ela reconheceu-me mas temi por sua reação quando proferiu-me um suntuoso “olá”. Convidei-a para um café, conversamos um pouco e logo combinamos de jantar em algum restaurante oportuno. Papo vai e papo vêm, uma taça de vinho carmenére – as mulheres adoram carmenére! – outra taça e logo estávamos juntos. Eu, entusiasmado, falei de mim, sobre o que estava fazendo, do que gostava, ela idem, agora juíza, ainda solteira e o universo acabou conspirando a favor nos empurrando para um novo affair. Mas desta vez eu estava convicto que não perderia aquela mulher perfeita por nada! Logo, eu estava apaixonado!
Combinamos de passar um final de semana na orla, frente mar, espumante gelado, flores, poesias, aquelas coisas de homem apaixonado. Eu iria cozinhar para ela um de meus pratos favoritos... Viajei antes, preparei tudo e a aguardei no dia seguinte. Mas ela não apareceu. Sumiu! Mandou-me apenas um breve bilhete, escrito a mão e dobrado ao meio: “Não posso! Você é muito perfeito para mim e... ainda cozinha! Desculpe-me. Um beijo e até algum dia”.
Fiquei surpreso mas não entristecido, pois dei-me conta de que muita perfeição junta não teria como dar certo!
Segue a receita “perfeita” do CANAPÉ DE SALMÃO DEFUMADO, que acabou não sendo servido a Mel!
Ingredientes:(para 2 pessoas)
Um pacote de torradinhas para canapé ou pão de sanduíche preto cortado em quadradinhos de cerca de 4cm
100g de salmão defumado em fatias
50g de cream cheese
Meia abacate cortado em cubos de cerca de 1cm
Um limão
Pitadas de endro desidratado
Pimenta branca moída à gosto
Preparo:Se a opção for o pão de sanduíche preto, tirar a casca de cada fatia e cortar em 4 pedaços. Levar ao forno pré-aquecido por cerca de 5 minutos a 200°C. Reservar. Temperar os cubos de abacate com o suco do limão, colocando uma a duas gotas em cada para não dar muita citricidade. Rasgar com a mão pequenos pedaços de salmão defumado e montar o canapé distribuindo em cada pãozinho meia colher de chá de cream cheese, depois o salmão defumado, o abacate e por fim o endro para decorar. Temperar com a pimenta branca e servir.
Prefeita crônica...Homens na cozinha ainda assustam hoje em dia! Parabéns Emerson, sempre que consigo passo aqui para apreciar a arte do amigo.
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