Quando se fala em diversificação da economia o caminho parece ser longo, difícil e doloroso, principalmente porque ocorre mudança e a mudança é desconfortável. Mas quando a comunidade e o empreendedorismo se unem o sucesso fica muito palpável. E é isso que está acontecendo com um município vizinho ao nosso antes conhecido como a “Terra da Ovelha” e agora já como a “Terra da Ovelha e do Vinho”.
Encruzilhada do Sul está se firmando como o segundo pólo viticultor ficando atrás apenas da Serra Gaúcha. A paisagem para quem está chegando na cidade dá a impressão de que é um pedaço da Itália, com o sol latente, a brisa fria e os parreirais que acompanham o asfalto e os olhos até perder de vista. Seu clima e solo são ideais ao cultivo de uvas varietais – aquelas destinadas à produção de vinhos finos. O município fica situado na região chamada Serra do Sudeste onde os solos são originados de rochas graníticas, arenosos e com baixa retenção de umidade. A altitude do município fica 427 metros acima do nível do mar, em média. O clima tem como principais características temperaturas médias anuais em torno de 17°C, com dias quentes e secos e noites frias com uma variação média de quase 10oC. Durante o período de setembro a março a insolação alcança mais de 1500 horas de sol bem acima das 1250 horas que é o mínimo necessário para a videira. Essas condições contribuem para uma uva com bastante grau de açúcar o que gera bom percentual alcoólico e uma qualidade superior ao vinho além de baixa acidez e excelente concentração de matérias corantes e aromas.. Descoberta há mais de dez anos por algumas vinícolas gaúchas – hoje já conta com dezesseis – começou há pouco mais de três anos a sua vindima e, pasmem, já expressando vinhos com mais de 15% de álcool, semelhante em estrutura aos originários do Nappa Valley na Califórnia. E mais, comenta-se que a safra deste ano está sendo considerada a melhor de todas. São cultivados mais de 360 hectares de vinhedos e neles estão sendo feitos testes com novas uvas inéditas no Brasil e que vêm se adequando muito bem ao gosto dos enólogos responsáveis.
Entre as novas castas podemos elencar a Tempranillo, a Teroldego, a Touriga Nacional e a Barbera quase todas originárias da Europa. Podem ser encontradas extensões das vinícolas Casa Valduga, Angheben, Garibaldi, Dal Pizzol, Tormentas e Lídio Carraro entre outras, cada qual com vinhedos próprios e outro tanto produzido em parceria com viticultores da cidade. Já se encontram no mercado vinhos elaborados a partir dos vinhedos de Encruzilhada como o Angheben Terodelgo, casta da região Trentina, norte da Itália, que possui coloração violácea bastante intensa e aromas complexos com acidez baixa e taninos macios; ou o Tormentas Anima Mundi, vinho de excepcional qualidade produzido pelo enólogo Marco Danielle em conjunto com a Lídio Carraro. A Associação Brasileira de Someliers afirmou que os vinhos originários do município são uma grande promessa nacional e que no futuro estarão disputando as prateleiras com os melhores exemplares sulamericanos e o gosto do consumidor mais exigente. Para quem curte dar uma esticada no final de semana, o passeio até a cidade vale a pena e para quem não conhece esta nova realidade, voltará impressionado!
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